Grafite
em homenagem a Celso Daniel
Quem passa
pela avenida Sumaré encontra uma grafitagem preenchendo
um muro de 260 metros quadrados que, antes, estava sujo -
a amostra de transformação de sujeira visual
em arte serve, agora, como homenagem a Celso Daniel.
Para a
preparação do mural, 14 grafiteiros trabalharam
vários meses juntos no projeto. É uma atitude
inusual: primeiro pela ação em conjunto - eles
têm o hábito de pintar isoladamente - e, depois,
pela disposição ao planejamento para que a obra
fosse uma intervenção permanente.
Nasceu
em Santo André, durante a gestão de Celso Daniel,
o primeiro laboratório para educar e valorizar grafiteiros
e pichadores, numa ação contra a marginalidade;
a cultura hip hop prospera como uma reação à
violência urbana. Munidos de spray, jovens viam reconhecido
seu talento, na maioria das vezes, perseguido.
Cidade
da pichação, São Paulo absorveu esse
ateliê de arte comunitária, patrocinado por empresas,
entidades não-governamentais e apoiado pelo poder público.
Grafiteiros ganharam um ateliê para se conhecerem uns
aos outros, passaram a receber dicas dos mais experientes.
Eles têm acesso a livros sobre os mestres da pintura,
visitam museus e exposições, fazem estágios
em estúdios de artes gráficas. A primeira grande
apresentação desse ateliê pedagógico
foi o muro na avenida Sumaré.
Misto
de escola e cooperativa, eles começaram a receber os
mais variados pedidos, da periferia ao Itaim Bibi. A Secretaria
Estadual da Juventude, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano, convidou-os a fazer oficinas em 500 quadras
esportivas de conjuntos residenciais.
Na semana
passada, fecharam contrato para uma exposição
na entrada de um loft, no Itaim Bibi, projetado pelo arquiteto
João Armentano.
A Emurb
entregou-lhes ontem os tapumes da Praça do Patriarca,
em reforma, entrada para o Masp, no centro histórico.
Nesta
próxima sexta-feira, aniversário de São
Paulo, eles desenham em mais um tela pública. Foram
chamados a trabalhar em cem metros quadrados de painéis,
na avenida Paulista, em frente ao Instituto Cultural Itaú
- ali vai estar o sutil traço de Celso Daniel, com
sua idéia de fazer da arte uma arma de combate à
violência.
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