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19/04/2005 - 14h39

Igreja já teve sete papas germânicos

GERALDO HOFFMANN
da Deutsche Welle

O novo líder da Igreja Católica, Joseph Ratzinger, 78, que será o papa Bento 16, é ex-arcebispo de Munique e Freising o oitavo papa alemão.

A Igreja Católica já teve sete papas de origem germânica, no tempo do Sacro Império Romano-Germânico (924 a 1806). A maioria deles teve pontificados insignificantes. Somente Leão 9º conquistou fama de reformista, há cerca de mil anos, mas seu nome também é vinculado ao grande cisma, a divisão entre a Igreja Católica Romana e a Oriental (ortodoxa).

Gregório 5º (996-999) - Bruno von Kärnten, como era seu nome original, assumiu a liderança da Igreja Católica em 3 de maio de 996, com apenas 24 anos de idade. Foi nomeado pelo rei Otto 3º, seu parente, que no mesmo ano seria compensado pelo papa com a coroa de imperador (kaiser). A nobreza romana, insatisfeita, substituiu-o por um antipapa em 997, mas com a ajuda de Otto 3º, Gregório conseguiu reconquistar o trono de São Pedro no ano seguinte. Pouco depois, provavelmente em 18 de fevereiro de 999, morreu em conseqüência de uma malária.

Uma troca de favores semelhante também beneficiou os cinco papas alemães a partir de 1046. O rei Henrique 3º transformou o baixo-saxão Suitger, conde de Morsleben e Hornburg, em papa Clemente 2º, em 1046. Este, em seguida, elevou Henrique a imperador. Clemente morreu um ano depois, segundo especulações, envenenado. Seu túmulo na catedral de Bamberg --na Baviera-- é único de um papa ao norte dos alpes.

Leão 9º (reformador)

Henrique 3º também nomeou os três papas seguintes: Poppo von Brixen [Damásio 2º], Bruno von Egisheim [Leão 9º] e Gebhard von Dollnstein Hirschberg [Vitor 2º]. Enquanto Damásio 2º morreu em 1048, após 24 dias no cargo, sem deixar rastros na história da igreja, o pontificado de Leão 9º (1049-1054) está presente até hoje.

Considerado um papa reformador, criou o Colégio dos Cardeais, principal grêmio de assessoria ao papa, atualmente comandado por Ratzinger. Leão 9º centralizou o poder eclesiástico em Roma, instituindo o primado do papa sobre a Igreja. Ele combateu a compra do título de bispo [simonia, ou seja, compra ou venda ilícita de coisas espirituais], o casamento de padres, o concubinato, e propôs a obrigatoriedade do celibato. O final de seu pontificado foi marcado pelo grande cisma, a divisão em igreja Católica ocidental e oriental (ortodoxa), marcada pela excomunhão do patriarca de Constantinopla e todos os seus fiéis, em 16 de julho de 1054.

Vitor 2º (1055-1057) [papa político]

O bispo Gebhard 1º, nascido na Francônia, foi elevado há 950 anos, no dia 13 de abril de 1055, como papa Vitor 2º. Ele acumulou os cargos de bispo de Eichstätt e papa durante seu curto pontificado e foi um dos principais assessores do imperador Henrique 3º. A partir de 1053, praticamente governou a Baviera, que Henrique 3º havia subordinado ao seu filho (Henrique 4º) de três anos. Após a morte de Henrique 3º em 1056, garantiu por meio de negociações a permanência de Henrique 4º [com seis anos] no poder do Sacro Império Romano-Germânico.

Vitor 2º deu continuidade às reformas internas iniciadas por seu antecessor, como a defesa do celibato obrigatório, que virou norma 500 anos depois, no Concílio de Trento. Condenou a simonia e a transferência de bens da Igreja a leigos. Morreu em Arezzo, na Toscana, em 28 de julho de 1057, sem ter podido realizar o sínodo dos bispos que havia convocado para Roma naquele ano. Com ele, terminou a fase em que os imperadores germânicos se arrogavam o direito exclusivo de nomear os papas.

Estêvão 9º (1057-1058)

Originário da Alsácia Lorena, hoje França, foi levado por Leão 9º a Roma, onde exerceu as funções de diácono, bibliotecário e chanceler da Igreja Católica. Após a morte de Vitor 2º, foi consagrado papa contra a sua vontade, no dia 3 de agosto de 1057, e só foi aprovado, posteriormente, pela imperatriz alemã Agnes.

Adriano 6º (1522-1523)

Filho de carpinteiro alemão, nascido em Utrecht, na Holanda, foi eleito papa por sua vida exemplar e seu papel político [chegou a governar a Espanha]. Seu pontificado de 22 meses, no entanto, foi infeliz. Foi odiado pelos romanos, que queriam um papa italiano, e desafiado pela Reforma protestante e a guerra dos países cristãos contra a Turquia. Adriano 6º, que devido à sua origem também é considerado um papa holandês por algumas fontes, foi o último papa não italiano antes de João Paulo 2º, cujo sucessor está sendo escolhido no Vaticano.
 

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