Publicidade
Publicidade
19/02/2007
-
09h44
A mais recente peça de Peter Handke, encenada no Berliner Ensemble, retoma coreografia da contemporaneidade em cenas fragmentárias que comportam tanto os gestos do cotidiano como a dimensão do mito.
"E vejo mais dois andando pelo palco. Agora um fecha o caminho do outro, coloca o braço sobre seus ombros e faz-se ouvir: 'Tente não ver as coisas de forma tão trágica'. O outro repulsa o braço para longe. O primeiro repete o gesto e diz: 'Isso pode acontecer com qualquer um. Então o goleiro que deixou passar uma vez a bola entre as pernas tem que parar de jogar para sempre só por isso? O ator que mordeu a ponta da língua ao dar um salto tem que abandonar a profissão por isso? O cirurgião que esqueceu a tesoura na barriga do paciente tem que virar lenhador no Amazonas por isso? O filho que bateu na mãe tem que se jogar do Matterhorn por isso?'
E o outro volta a repelir, não, arremessar para longe o braço alheio, fazendo-se ouvir: 'Tem, tem sim. E o cirurgião também tem que se jogar do Matterhorn, junto com sua tesoura. E o ator também, para que morda a língua até a raiz. E o nosso goleiro idem, para não ter que ficar vendo sem parar a cena do gol na televisão'. E de novo o braço em volta dos ombros. E de novo o braço sacudido para longe.
Continua...
Handke no encalço do que se perde
da Deutsche Welle, na AlemanhaA mais recente peça de Peter Handke, encenada no Berliner Ensemble, retoma coreografia da contemporaneidade em cenas fragmentárias que comportam tanto os gestos do cotidiano como a dimensão do mito.
"E vejo mais dois andando pelo palco. Agora um fecha o caminho do outro, coloca o braço sobre seus ombros e faz-se ouvir: 'Tente não ver as coisas de forma tão trágica'. O outro repulsa o braço para longe. O primeiro repete o gesto e diz: 'Isso pode acontecer com qualquer um. Então o goleiro que deixou passar uma vez a bola entre as pernas tem que parar de jogar para sempre só por isso? O ator que mordeu a ponta da língua ao dar um salto tem que abandonar a profissão por isso? O cirurgião que esqueceu a tesoura na barriga do paciente tem que virar lenhador no Amazonas por isso? O filho que bateu na mãe tem que se jogar do Matterhorn por isso?'
E o outro volta a repelir, não, arremessar para longe o braço alheio, fazendo-se ouvir: 'Tem, tem sim. E o cirurgião também tem que se jogar do Matterhorn, junto com sua tesoura. E o ator também, para que morda a língua até a raiz. E o nosso goleiro idem, para não ter que ficar vendo sem parar a cena do gol na televisão'. E de novo o braço em volta dos ombros. E de novo o braço sacudido para longe.
Continua...
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice
Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade
Copyright Folha.com. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicaçao, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha.com.