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28/08/2002 - 17h57

Médicos divergem sobre suspender menstruação

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da Revista da Folha

Para boa parte dos médicos, sangrar todo mês é o melhor termômetro do bom funcionamento do organismo e um sinal de que o óvulo não foi fecundado. Outra parte, porém, considera que a utilidade prática da menstruação reside apenas no segundo motivo -para esses, menstruar ou não deve ser encarado como uma questão de opção da mulher. A turma dos contrários diz que, com a suspensão, perde-se o importante papel sinalizador da menstruação e argumenta que não há estudos sobre os possíveis efeitos nocivos a longo prazo.

"A falta da menstruação pode indicar algo errado no organismo, como problemas nas glândulas tireóide e supra-renal. Quando a mulher não menstrua por causa de um anticoncepcional, perdemos essa referência", analisa Mauro Abi Haidar, da Unifesp.

"Há cem anos, as mulheres se casavam cedo, emendavam uma gravidez atrás da outra e, quando não estavam grávidas, estavam amamentando. A falta de menstruação nunca fez mal a ninguém", rebate Luis Bahamondes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Os partidários da suspensão dizem que o alto número de menstruações atualmente registrado acarretou o aparecimento de doenças como a endometriose (inflamação do endométrio), além de outros problemas no útero. Bahamondes afirma que já se sabe que a redução da atividade desses órgãos, provocada por injeções trimestrais de acetato de medroxiprogesterona, protege a mulher contra cânceres.

A discussão está longe de acabar: o mesmo fator considerado positivo por um grupo pode ser um negativo para o outro.

A variação hormonal, por exemplo. Para os favoráveis, a suspensão da menstruação é benéfica porque provoca o fim da flutuação e, consequentemente,dos sintomas da TPM.Para os contrários, essa flutuação é o que garante a alternância dos períodos de feminilidade e maternidade que caracterizam o ciclo menstrual.

Os novos anticoncepcionais

As mulheres querem mais dos anticoncepcionais além da garantia de não engravidar. Prova disso é que até mesmo a velha pílula tem se modernizado para garantir menos efeitos colaterais. Mas as grandes novidades são os métodos que acabam com os sintomas da TPM e, em muitos casos, interrompem a menstruação (leia texto acima). Veja algumas opções disponíveis e converse com seu médico sobre o mais adequado para você.

  • Minesse (Wyeth)

    O que é: pílula com uma taxa de hormônio 25% menor do que as tradicionais, à base de estrogênio e progesterona sintética. Além de inibir a ovulação, altera o muco cervical e dificulta a passagem dos espermatozóides

    Vantagem: a menor dosagem hormonal, o que em tese, diminui os efeitos colaterais

    Desvantagem: pode causar náuseas, dores de cabeça, sensibilidade nas mamas e alteração no peso.

    Não é recomendada para quem está amamentando (o estrogênio interfere na produção de leite) e para quem tem problemas cardíacos, vasculares, hepáticos, câncer de mama de útero, alterações nas taxas de glicemia e de colesterol ou fumantes

    Índice de falha: 0,3%

  • Mirena (Schering)

    O que é: DIU (dispositivo intra-uterino) que usa plástico, em vez do cobre, e libera o hormônio levonorgestrel, em doses muito baixas apenas no útero, não agindo no restante do organismo Vantagem: menstruação reduzida ou inexistente (em 50% dos casos). Durabilidade de cinco anos

    Desvantagem: pode aumentar a secreção vaginal, a sensibilidade nas mamas, causar cólicas, dor de cabeça e irregularidade no sangramento

    Índice de falha: 0,1%

  • Implanon (Organon)

    O que é: hastes implantadas sob a pele na região do braço. À base de etonogestrel, um hormônio derivado da progesterona, que liberado aos poucos na corrente sanguínea, inibe a ovulação. Dura três anos

    Vantagem: acaba com as cólicas em 80% dos casos Desvantagem: o sangramento pode ficar irregular Índice de falha: menor que 0,1% Elmetrin (Elsimar Coutinho)

    O que é: hastes implantadas sob a pele na região do quadril. À base de gestrinona, derivado da progesterona, que é liberado aos poucos e inibe a ovulação. Dura de seis meses a um ano

    Vantagem: menstruação reduzida ou inexistente. Acaba com os sintomas de TPM em cerca de 90% dos casos Desvantagem: aumenta a oleosidade da pele, pode causar queda de cabelo. O sangramento pode se tornar irregular

    Índice de falha: menor que 0,1%

  • Lovelle (Biolab)

    O que é: pílula vaginal, que tem o mesmo formato da oral, mas é colocada, com a mão, como se fosse um absorvente interno. À base de levonorgestrel e etinilestradiol

    Vantagem: não provoca náuseas e complicações gástricas, pois não passa pelo estômago e fígado. Sangramento menor, menos cólica, regularização do ciclo. Diminui as chances de endometriose, cisto no ovário, câncer do ovário e no endométrio e algumas doenças inflamatórias pélvicas

    Desvantagem: assim como a pílula oral, pode causar aumento de peso, celulite, dor de cabeça, dor na mama, retenção de líquido, reduzir a libido e a lubrificação vaginal. Precisa ser usada diariamente no mesmo horário, a mulher deve permanecer deitada por 30 minutos e não pode ter relações sexuais até uma hora depois da aplicação

    Índice de falha: 0,4%

  • NuvaRing (Organon)

    O que é: anel de plástico transparente e flexível com 5 cm de diâmetro à base de progesterona e estrogênio, liberados em doses suficientes para inibir a ovulação. Foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, que regula os medicamentos nos EUA) e deve chegar ao Brasil no terceiro trimestre

    Vantagem: pode ser colocado e ajustado pela mulher no interior da vagina. A troca deve ser feita a cada 21 ou 30 dias caso queira interromper a menstruação. Segundo os médicos, não atrapalha as relações sexuais. A fertilidade se reestabelece com a retirada do anel

    Desvantagem: pode provocar náuseas, dores de cabeça e sensibilidade nas mamas. Não é recomendado para quem está amamentando (o estrógeno interfere na produção de leite), quem tem problemas cardíacos, vasculares, hepáticos, câncer de mama e de útero ou fumantes

    Índice de falha: de 0,2% a 0,4%

  • Postinor-2 (Aché)

    O que é: pílula do dia seguinte , tomada até 72 horas, no máximo, após a relação sexual. A ação dos hormônios (um estrogênio e um progestogênio) evita a ovulação, se esta ainda não aconteceu; evita a fecundação, se já aconteceu a ovulação, ou evita que o óvulo fecundado se implante na parede do útero

    Vantagem: é um método de emergência, que pode ser usado se houver algum problema com outros métodos contraceptivos

    Desvantagem: pode causar mal-estar gástrico, náusea, vômito, dor de cabeça e nas mamas. O excesso de hormônio pode desregular a menstruação por dois meses. Menor índice de segurança

    Índice de falha: até 20%

    Fontes: José Bento de Souza, ginecologista do Hospital Albert Einstein, Luiz Bahamondes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp
    Saiba que...

    1- Sabonetes perfumados podem causar irritação nos grandes lábios. Prefira os neutros

    2- Muitas mulheres têm diarréia pouco antes de menstruar por causa da progesterona, que funciona como um poderoso relaxante dos músculos do intestino

    3- Quem sofre de cólicas muito fortes pode tentar tomar analgésicos um dia antes da menstruação descer ou pedir ao médico algum antinflamatório

    4- Para obter resultado mais preciso no papanicolau não tenha relações sexuais na noite anterior ao exame

    5- Só use absorvente interno quando estiver realmente menstruada, porque ele pode retirar células saudáveis que ajudam a manter a lubrificação vaginal, deixando-a mais exposta a infecções

    6- Não acredite em nenhum suplemento alimentar que prometa aumentar os seus seios. Só hormônios fazem isso, mas é muito arriscado tomá-los porque aumentam o risco de câncer

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