Diego
Medina
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Três anos atrás, o Brasil disputava a repescagem da Copa Davis
contra a Nova Zelândia em uma Florianópolis quente e festiva.
Kuerten e Meligeni eram as estrelas do confronto, fácil, em
um resort na capital catarinense.
Kuerten, então campeão do Aberto da França, atraía muita gente
aos jogos. Mas, sejamos honestos, eram jogos para morrer de
tédio. A própria torcida se tocou disso já no fim do primeiro
dia. E nem mostrava tanta empolgação durante as partidas,
tamanha a fragilidade dos adversários.
No segundo dia, confronto já definido em três jogos, ninguém
nem mais se importava com o que rolava na quadra. Mas, em
frente à sala de imprensa, burburinho.
Dentro, Kuerten e Oncins se preparavam para uma entrevista.
Na entrada, um segurança que mal olhava na cara dos jornalistas
se dava menos ainda ao trabalho de olhar a cara dos crachás
que permitiam a entrada.
Foi diante disso que um torcedor que observava tudo à distância
decidiu ir em frente. Um pedaço de papel amarrado porcamente
a um barbante, encarou o segurança e, peito firme, passou
direto.
Em dez minutos, o torcedor, eu observava, não recusou uma
cerveja de um patrocinador, angariou uma camiseta de outro
patrocinador e sentou-se ao lado do empresário de Kuerten.
Não contente, no meio da entrevista em que Kuerten e Oncins
nada tinham a dizer, e os repórteres, pouco a perguntar, o
sujeito sinalizou com o dedo, levantou e, como qualquer jornalista
ali, fez uma pergunta.
De tão abismado com a cara-de-pau do sujeito, nem prestei
atenção à pergunta. Kuerten encarou o sujeito e, respeitando
o "jornalista", respondeu educamente.
Jamais soube que era apenas um torcedor que viu a porta aberta.
Que entrou e, depois, saiu como se nada tivesse acontecido.
*
Em Hannover, na Copa do Mundo de 1999, escolas alemãs levaram
alunos para ver de perto o tal torneio e conhecer o pavilhão
que, neste ano, recebeu a Expo.
Diante da disciplina alemã (dos organizadores e dos professores),
dezenas de alunos que haviam entrado na Halle 12 antes da
hora tiveram de voltar e, vi no rosto dos pequenos, desapontados,
esperar a hora dos jogos ouvindo seus mestres.
Mas um pequeno aluno, cerca de dez anos, fez de conta que
não ouviu o chamado às suas costas. Continou andando e, portando-se
com um senhor de 35 anos, imaginou que ninguém notasse.
De fato, talvez ninguém a não ser este colunista notou. E
o garoto foi o único da escola toda e uma das cinco ou seis
pessoas que acompanharam naquele dia Krajicek e Enqvist treinarem,
baterem em uma única bola, sem erro, forte, por cerca de 15
minutos.
Depois, voltou a seus colegas, como se nada tivesse acontecido.
*
Nesta semana, Gustavo Kuerten joga em São Paulo.
Quem só vê/ouve falar de Kuerten em torneios nos EUA, na Europa,
em Grand Slam, Masters Series, tem uma ótima oportunidade
de acompanhar de perto (perto mesmo) um dos melhores tenistas
da história e o melhor da atualidade.
Vale a pena entrar para ver.
Notas
UFA!
E, finalmente, Meligeni saiu da seca. Venceu a etapa mexicana
da Copa Ericsson, sobre um norte-americano Hugo Armando (??).
Agora, Fininho volta a SP, primeiro para os jogos contra os
argentinos e depois para a Copa Ericsson.
AI!
Na última coluna, disse que cansaço havia sido notado no rosto
de Marat Safin. Sabe como o russo explicou má fase recente?
"Voltei a ir a shopping, ver filmes, coisas que gosto. Ganhei
alguns quilos." Então tá!
OBA!
Na próxima semana, tem Copa Ericsson em São Paulo, no clube
Paineiras. E já tem torcida se organizando para ver o Gustavo
Kuerten em Lisboa, na Copa do Mundo. Para saber mais sobre
a turma que está se juntando para ir a Portugal, visite o
site da tenisbrasil
neste mesmo UOL
E-mail: reandaku@uol.com.br
Leia
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