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Quarta-feira, 18 de outubro de 2000

Entre sem bater

Régis Andaku
     

Diego Medina

Três anos atrás, o Brasil disputava a repescagem da Copa Davis contra a Nova Zelândia em uma Florianópolis quente e festiva. Kuerten e Meligeni eram as estrelas do confronto, fácil, em um resort na capital catarinense.

Kuerten, então campeão do Aberto da França, atraía muita gente aos jogos. Mas, sejamos honestos, eram jogos para morrer de tédio. A própria torcida se tocou disso já no fim do primeiro dia. E nem mostrava tanta empolgação durante as partidas, tamanha a fragilidade dos adversários.

No segundo dia, confronto já definido em três jogos, ninguém nem mais se importava com o que rolava na quadra. Mas, em frente à sala de imprensa, burburinho.

Dentro, Kuerten e Oncins se preparavam para uma entrevista. Na entrada, um segurança que mal olhava na cara dos jornalistas se dava menos ainda ao trabalho de olhar a cara dos crachás que permitiam a entrada.

Foi diante disso que um torcedor que observava tudo à distância decidiu ir em frente. Um pedaço de papel amarrado porcamente a um barbante, encarou o segurança e, peito firme, passou direto.

Em dez minutos, o torcedor, eu observava, não recusou uma cerveja de um patrocinador, angariou uma camiseta de outro patrocinador e sentou-se ao lado do empresário de Kuerten.

Não contente, no meio da entrevista em que Kuerten e Oncins nada tinham a dizer, e os repórteres, pouco a perguntar, o sujeito sinalizou com o dedo, levantou e, como qualquer jornalista ali, fez uma pergunta.

De tão abismado com a cara-de-pau do sujeito, nem prestei atenção à pergunta. Kuerten encarou o sujeito e, respeitando o "jornalista", respondeu educamente.

Jamais soube que era apenas um torcedor que viu a porta aberta. Que entrou e, depois, saiu como se nada tivesse acontecido.

*
Em Hannover, na Copa do Mundo de 1999, escolas alemãs levaram alunos para ver de perto o tal torneio e conhecer o pavilhão que, neste ano, recebeu a Expo.

Diante da disciplina alemã (dos organizadores e dos professores), dezenas de alunos que haviam entrado na Halle 12 antes da hora tiveram de voltar e, vi no rosto dos pequenos, desapontados, esperar a hora dos jogos ouvindo seus mestres.

Mas um pequeno aluno, cerca de dez anos, fez de conta que não ouviu o chamado às suas costas. Continou andando e, portando-se com um senhor de 35 anos, imaginou que ninguém notasse.

De fato, talvez ninguém a não ser este colunista notou. E o garoto foi o único da escola toda e uma das cinco ou seis pessoas que acompanharam naquele dia Krajicek e Enqvist treinarem, baterem em uma única bola, sem erro, forte, por cerca de 15 minutos.

Depois, voltou a seus colegas, como se nada tivesse acontecido.

*
Nesta semana, Gustavo Kuerten joga em São Paulo.

Quem só vê/ouve falar de Kuerten em torneios nos EUA, na Europa, em Grand Slam, Masters Series, tem uma ótima oportunidade de acompanhar de perto (perto mesmo) um dos melhores tenistas da história e o melhor da atualidade.

Vale a pena entrar para ver.


Notas
UFA!
E, finalmente, Meligeni saiu da seca. Venceu a etapa mexicana da Copa Ericsson, sobre um norte-americano Hugo Armando (??). Agora, Fininho volta a SP, primeiro para os jogos contra os argentinos e depois para a Copa Ericsson.

AI!
Na última coluna, disse que cansaço havia sido notado no rosto de Marat Safin. Sabe como o russo explicou má fase recente? "Voltei a ir a shopping, ver filmes, coisas que gosto. Ganhei alguns quilos." Então tá!

OBA!
Na próxima semana, tem Copa Ericsson em São Paulo, no clube Paineiras. E já tem torcida se organizando para ver o Gustavo Kuerten em Lisboa, na Copa do Mundo. Para saber mais sobre a turma que está se juntando para ir a Portugal, visite o site da tenisbrasil neste mesmo UOL



E-mail: reandaku@uol.com.br



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