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Sábado, 24 de junho de 2000

Paciência à prova

José Henrique Mariante
     
Diego Medina


Pela primeira vez nesta temporada, Barrichello estacionou sua Ferrari no "Parc Fermé" com a real sensação de que poderia ter vencido.
Sim, poderia ter vencido. Claro, se Schumacher deixasse. Antes, porém, a Ferrari não deixou, e por motivos mais do que óbvios.
Schumacher tirou o pé porque tinha problemas e para que as duas Ferraris fossem fotografadas juntas em plena bandeirada. Mas Schumacher tinha alguma condição de corrida, pois fez questão de provar isso alternando tempos de volta bons e ruins na parte final da corrida.
Difícil precisar, no entanto, o que aconteceria se o embate fosse franco. Pelo discurso de Barrichello, ele chegaria. Pelo discurso do alemão, creia, também _"devo essa a ele", afirmou após o GP, talvez para valorizar a equipe.
Ao contrário de alguns analistas, acredito que Barrichello teria condições de chegar em Schumacher. E que teria ainda mais condições se exigisse pneus de chuva na primeira parada.
Nesse exato momento, a chuva era iminente, para não dizer um fato. Calçado adequadamente, seria o primeiro colocado em questão de voltas. Se exigiu isso ou não, não sei. Mas deveria ter exigido, assim como exigiu parar na mesma volta que o parceiro, causando aquela correria nos boxes, episódio equivocadamente apontado por alguns como o grande erro da Ferrari na corrida.
O que importa, porém, é o efeito que todo o GP do Canadá causou na mídia européia e nos corredores de Maranello.
Sem ter que se preocupar com a McLaren, os italianos investiram na disputa inglória de Barrichello, obrigando até o presidente Montezemolo a elogiar publicamente o brasileiro dias depois.
Esse é o caminho para Barrichello. Mostrar serviço a ponto de prescindir das palavras _em Montreal, ele poderia ter ficado quieto, pois o que a TV mostrou já era por demais evidente.
E ser oportunista o suficiente para driblar a rigidez do método de trabalho ferrarista, voltado exclusivamente para o alemão _como disse um leitor, um funcionário muito caro para ser prejudicado pelo próprio time.
Essa postura pode não atender aos anseios do grande público brasileiro, que quer ver Barrichello vencendo imediatamente. Mas até para ignorar uma ordem dos boxes é necessário tutano. Desde que chegou à Ferrari, Barrichello cometeu diversos erros, alguns primários. Nas duas últimas provas, porém, mostrou evolução, dentro e fora da pista _a não ser pela infeliz reabilitação da sambadinha no Canadá.
O problema é saber se o público vai entender isso e ter paciência para tanto. Dá pistas que não.
Naquela que parece ser a temporada mais disputada dos últimos anos, a Indy dispensa seu principal executivo em plena véspera de corrida. Oficialmente, Andrew Craig foi cuidar da própria vida. Mas o episódio cheira ao mais puro golpe de Estado.
Craig internacionalizou a Indy a ponto de sobrarem apenas dois norte-americanos no grid. A Cart quer voltar um pouco atrás, mas sem perder o que já ganhou.
A festa de alguns pode acabar.

notas

Pirotecnia
A Michelin deve lançar mão de uma nova tecnologia para aparecer mais na TV em sua reestréia na F-1, em 2001: pneus coloridos. A introdução de pigmento no composto dos pneu, até então, comprometia sua durabilidade. Aparentemente, foi encontrada a solução. E uma Jaguar, por exemplo, que tanto se orgulha de seu "british green", poderá estender sua programação visual e de patrocínio à borracha. Williams e Toyota também já fecharam com os franceses.


Planejamento
A Audi dominou e venceu as 24 Horas de Le Mans. E a explicação para tanto é simples: o planejamento da fábrica alemã para a prova começou em 1997 e, entre outros absurdos, contemplava até uma cara participação na edição do ano passado apenas para acumular experiência.



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