Reuters
10/01/2003 - 13h33

Premiê sérvio abre crise por comentário sobre Kosovo

da Reuters, em Belgrado

O primeiro-ministro sérvio, Zoran Djindjic, provocou uma tempestade política nos Bálcãs ao sugerir a revisão das fronteiras da região, caso os albaneses de Kosovo insistam em ficar independentes.

Os comentários provocaram particular preocupação na Bósnia, onde muitos muçulmanos passaram a temer pela integridade territorial de seu país. Desde a queda de Slobodan Milosevic, em 2000, a Sérvia vem conseguindo progressos substanciais nas relações com seus vizinhos, mas a nova polêmica mostra como a questão continua sensível.

Kosovo é oficialmente parte da Iugoslávia, país onde a Sérvia detém a porção mais importante. Mas a região está sob controle da ONU (Organização das Nações Unidas) até que seu status final seja definido, o que pode acontecer ainda neste ano.

Em entrevista à revista alemã "Der Spiegel", Djindjic sugeriu que Kosovo poderia se tornar uma federação, dividida entre a maioria albanesa e a minoria sérvia. Mas caso os albaneses de Kosovo não desistam da independência, Djindjic ameaça exigir uma nova conferência de Dayton, o encontro que em 1995 encerrou a guerra da Bósnia e garantiu a soberania daquele país e de seus vizinhos.

"Nesse caso, as fronteiras da região teriam de ser completamente determinadas de novo", disse o primeiro-ministro à revista. Para os muçulmanos da Bósnia, esses comentários revelam que Belgrado continua ambicionando o território ocupado pelos servo-bósnios.

Alguns sérvios argumentam que, se Kosovo pode ficar independente, a parte sérvia da Bósnia também poderia. Atualmente, sérvios, muçulmanos e croatas dividem a Bósnia numa federação.

"Essa declaração de Djindjic é um ataque direto à soberania e à integridade da Bósnia-Herzegovina, e contrária a todos os documentos firmados e aos comunicados conjuntos", disse o assessor presidencial bósnio Sulejman Tihic, muçulmano.

Djindjic tentou aliviar a tensão, emitindo na quarta-feira (8) uma nota em que diz que o acordo de Dayton não deve ser contestado, mas defendendo a integridade territorial da Iugoslávia.

"O governo sérvio respeita o acordo de Dayton, que garante a soberania da Bósnia, mas espera as mesmas garantias para a Sérvia com relação a Kosovo", dizia a nota do governo.

Djindjic argumenta que a independência de Kosovo incentivaria outros movimentos separatistas na região, mas os albaneses de Kosovo dizem que o caso deles não pode ser comparado com o de outros lugares, como a da parte sérvia da Bósnia ou a área albanesa da Macedônia.

Os líderes albaneses de Kosovo reagiram com frieza aos comentários de Djindjic. "Sua mensagem não foi muito clara. Ele não especificou quais fronteiras poderiam ser modificadas", disse o premiê local, Bajram Rexhepi.

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