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25/02/2003
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03h40
Espaço multicultural
RICARDO BONALUME NETO da Folha de S.Paulo
O que têm em comum uma professora americana, um príncipe saudita e um piloto de caça israelense? Os três voaram a bordo de ônibus espaciais dos EUA.
A professora e o piloto também têm em comum o fato de terem morrido nos dois espetaculares acidentes com essas naves, o que destruiu a Challenger em 1986, e o de agora, que encerrou a carreira da veterana Columbia na hora do pouso.
Cerca de uma dúzia de nacionalidades diferentes já voaram ou estão para voar em uma dessas naves, incluindo um astronauta brasileiro. Trata-se basicamente de um programa internacional de relações públicas, no que não difere da lógica que a exploração espacial exibe desde seu começo.
Colocar satélites e homens em órbita e depois na Lua era uma competição para demonstrar a vitalidade seja do sistema capitalista dominado pelos EUA, seja do bloco socialista liderado pela finada União Soviética.
A idéia de levar estrangeiros ao espaço já tinha começado durante a guerra fria entre EUA e URSS. O primeiro negro no espaço foi um cosmonauta cubano levado pelos soviéticos; depois vieram os astronautas "afro-americanos", um dos quais morreu na Challenger.
Também voaram cosmonautas de outros países então comunistas, como Polônia e Hungria. Os EUA já levaram ao espaço representantes de seus principais aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Reino Unido, França, Alemanha e Itália, entre outros.
A agência espacial Nasa também já colocou em órbita um senador e um deputado. Bajular o Congresso, que é quem decide o seu orçamento, é considerado fundamental, ainda mais que os ônibus espaciais prometeram algo que não cumpriram.
A idéia de um "space shuttle" era tornar rotineiros os vôos espaciais, o que explica a tradução brasileira para "ônibus". O projeto inicial falava em até 60 vôos por ano, quando o que se obteve foi no máximo a quinta parte disso.
O programa vive um momento crítico porque não se tornou em uma sensação de mídia comparável aos pousos na Lua das missões Apollo (a não ser, ironicamente, quando explodem). E está longe de ter a regularidade de uma linha de ônibus.
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