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27/05/2003 - 02h56

Estudantes europeus também arriscam

SILVIA BITTENCOURT
free-lance para a Folha de S.Paulo, de Heidelberg (Alemanha)

Na Europa, os programas de fomento às empresas escolares (ou miniempresas) viveram um "boom" no início dos anos 90 —logo depois da queda do Muro de Berlim (1989). Hoje, existem programas de incentivo a jovens empreendedores em quase todos os países do Leste Europeu, onde, até o final dos anos 80, predominava uma economia estatizada.

A introdução desses programas nos antigos países socialistas, porém, enfrentou obstáculos. Na Alemanha, os primeiros programas de empreendedorismo nas escolas no leste do país encontraram muita resistência. Para muitos pais e professores, fomentar o espírito empreendedor em jovens estudantes significava levar de vez o capitalismo para as escolas da região. Hoje, não há resistências. Pelo contrário: tornou-se consenso a idéia de que participar de uma experiência empresarial dentro da escola faz com que os jovens tenham mais chances no mercado de trabalho.

Na Alemanha Ocidental, o debate dos anos 90 concentrava-se em outra questão. Por um lado, estava claro que o tema deveria fazer parte da formação geral dos estudantes. Por outro, não havia consenso sobre a melhor forma de tratá-lo nas escolas.

Os sindicatos e as empresas alertavam para o despreparo dos jovens em respeito a assuntos econômicos e reivindicavam a introdução de cursos de economia nos currículos escolares. Já os professores temiam que as disciplinas tradicionais saíssem prejudicadas na distribuição da carga horária.

A criação de programas de fomento ao empreendedorismo nas escolas, então, veio suprir essa deficiência. Hoje, a Alemanha conta com vários programas de incentivo às miniempresas. Entre eles, estão o da Fundação Alemã da Infância e da Juventude —que já assessorou mais de 150 miniempresas— e o Junior, do Instituto de Economia Alemã. Como muitos dos programas europeus, o Junior é membro da associação americana Junior Achievement e da Jayee (Junior Achievement Young Enterprise Europe).

Outro dos maiores programas europeus de fomento às empresas escolares é o britânico Achievers International, criado em 1992. No início, ele atendia apenas oito escolas na Escócia e nos Estados Unidos. Dez anos depois, já assessorava 25 mil crianças e jovens de 32 países. Seu objetivo é incentivar jovens a abrir pequenas empresas de importação e exportação, as "youth companies".

Vários projetos não têm fins lucrativos. Seu principal objetivo, dizem os organizadores, é fomentar nos jovens o sentimento de responsabilidade. Essencial para quem vai abrir um negócio.

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