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13/09/2002 - 19h50

Em livro, Sérgio Dávila conta como atentados mudaram Nova York

MARCELO GRIMBERG
da Folha de S.Paulo

Apesar de soar como se fosse, "Nova York - Antes e Depois do Ataque" (Geração Editorial, 2002, 256 páginas, R$ 25), de Sérgio Dávila, não é mais um livro sobre o 11 de setembro. Não na totalidade, pelo menos. É um livro sobre uma cidade —antes cosmopolita, poderosa, rica e arrogante— que, depois dos atentados, tornou-se, além disso, mais patriota e ciente de que também é vulnerável.

Tomando como base textos de sua coluna "Pop, Pop, Pop", que mantém há pouco mais de dois anos, desde que se tornou correspondente da Folha em Nova York, Dávila apresenta a reunião cronológica do que considera sua melhor produção no período.

No princípio, é um livro sobre detalhes —bares curiosos, restaurantes caros e encontros "casuais" com nova-iorquinos ilustres— para os quais os conterrâneos parecem dar tanta bola quanto cariocas para atores globais. Mas, após 24 histórias, entram em cena relatos daquilo que o jornalista viu, de perto, e de mudanças que percebeu de um ano para cá.

Além de textos da "Pop, Pop, Pop", o livro traz reportagens que Dávila fez para a Folha e depoimentos que deu para as revistas "Viagem e Turismo" e "Revista da MTV". Vêm do jornal, aliás, três dos capítulos finais, em que está o ápice emocional do livro: histórias de amor e traição, morte e sobrevivência, solidariedade e ganância de alguns dos envolvidos no atentado —direta e indiretamente, como o próprio autor, que afirma ter um "sentimento esquizofrênico" frente ao atentado.

"Por um lado, considero-me uma pessoa de sorte, por ter presenciado esse evento histórico ao vivo e de perto", disse Dávila ao Sinapse. "Por outro, sei do sofrimento que atingiu milhares de famílias, com as quais me solidarizo, mas também fico estranhamente fascinado com a genialidade e simplicidade do ataque, que usou como arma principal um estilete e causou o estrago que sabemos."

A idéia de publicar em livro textos não inéditos veio da mulher de Dávila, a também jornalista Teté Ribeiro. "Ela achou que eu deveria tentar perpetuar num meio menos volátil que o on-line ou o jornal diário a experiência histórica que vivi aqui", disse. E são dela as fotos que mostram o correspondente em meio ao caos provocado pelo ataque terrorista de 11 de setembro, o que revela algo, senão raro, no mínimo inusitado na imprensa: o repórter em ação.

Aliás, uma recomendação para quem quer saber um pouco mais sobre a vida de correspondente é o ótimo capítulo "Aquela cidadezinha com uma ilha no meio, conhece?". Nele, Dávila conta os apuros que teve para se comunicar com a redação do jornal no dia em que caiu um avião sobre o bairro do Queens, mas, mais do que isso, sente na pele uma Nova York um pouco mais solidária do que aquela de antes do 11 de setembro de 2001.

"Nova York - Antes e Depois do Ataque" será lançado na segunda-feira (16), na livraria Siciliano do shopping Pátio Higienópolis (av. Higienópolis, 618 - Piso Higienópolis), a partir das 19h, com presença do autor.

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