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24/09/2002 - 02h47

Saiba quem é Matthew Lipman

FLÁVIO FERREIRA
free-lance para a Folha de S.Paulo

Matthew Lipman, antes de dedicar-se a ajudar crianças a fazer filosofia, lutou contra o nazismo no corpo-a-corpo. Ele combateu na Segunda Guerra Mundial servindo em uma divisão de infantaria dos EUA, na França e na Alemanha, o que lhe rendeu duas condecorações.

O filósofo iniciou sua carreira acadêmica em renomadas universidades realizando pesquisas sobre arte, estética e metafísica. Graduou-se em filosofia na Universidade de Stanford (Califórnia) em 1948 e obteve o título de doutor na Universidade de Columbia (Nova York) em 1954. Nesta última, passou a ministrar aulas de lógica em 1956, após realizar estudos complementares de pós-graduação na Sorbonne (França).

Em Nova York, Lipman realizou suas primeiras experiências de ensino de filosofia para crianças, tendo como substrato teórico as idéias de John Dewey e Lev Vygotsky. Seu trabalho chamou a atenção da comunidade acadêmica e, em 1972, foi convidado a dar aulas na Universidade de Montclair (Nova Jersey). Lá, o filósofo desfrutou de apoio para desenvolver sua inovadora proposta educacional e conheceu sua principal colaboradora, Ann Margareth Sharp.

Para difundir o programa "Filosofia para Crianças ­ Educação para o Pensar", Lipman e Sharp fundaram em 1974 o IAPC (sigla, em inglês, para Instituto para o Desenvolvimento da Filosofia para Crianças). A entidade ajudou a promover a implantação do método e centros regionais em mais de 30 países, entre eles: França, Inglaterra, Alemanha, Rússia, Canadá, México, Chile, Argentina, Colômbia, Guatemala, Nigéria, Zimbábue, Israel, Jordânia, Taiwan e Coréia do Sul.

Lipman já escreveu 23 livros e teve mais de cem artigos publicados em revistas especializadas em educação. Sua biografia e seu trabalho foram tema de um documentário ("Sócrates para Crianças") produzido em 1990 pela BBC, como um dos episódios da série "Os Transformadores".

Lipman visitou o Brasil em julho de 1994, por ocasião do "1o Encontro Nacional de Educação para o Pensar". Na oportunidade, ele se encontrou com assessores do educador Paulo Freire com o objetivo de discutir as semelhanças entre as "comunidades de investigação", que idealizou, e as "comunidades de trabalho", pensadas pelo brasileiro para promover o ensino no país.

     

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