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21/01/2002 - 15h56

História e modernidade coexistem em calçadas de São Paulo

da Folha de S.Paulo

Um bulevar por onde modas, idéias e tecnologias transitam junto com carros, ônibus, metrô e, principalmente, com pessoas (são cerca de 450 mil por dia), a Paulista foi, desde a sua criação, projetada para ser palco de acontecimentos. No ponto mais alto da cidade, ela nasceu sobre a antiga trilha Real Grandeza, usada por boiadeiros para conduzir gado ao matadouro da Vila Mariana.

A avenida foi planejada pelo engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima (sim, o mesmo que dá o nome a uma de suas travessas) para abrigar a elite da sociedade paulista. Surgiu em 8 de dezembro de 1891, há 110 anos, já com iluminação, redes de água e esgoto e linha de bonde.
Também foi a primeira via pública asfaltada e arborizada da cidade, no início do século passado.

Uma caminhada (de preferência em um fim de tarde, para ver o movimento dos que estão indo embora e dos que estão chegando para jantar ou assistir a um filme em uma das diversas salas de exibição da área) permite ver um pouco da história da avenida, que reflete a da elite industrial e comercial da cidade.

Até cerca de 1940, a Paulista era dominada por casarões de negociantes e imigrantes, como árabes e italianos, além de fazendeiros de café. Uma construção da fase inicial da Paulista é a do número 1.919, um casarão de 1905 tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), mas em ruínas -curiosamente, abriga bazares estilo brechó e feirinhas de animais.

O segundo período da Paulista, de 1940 a 1970, foi caracterizado pela verticalização de prédios residenciais e comerciais, dando início ao aspecto atual da via. Da década de 70 em diante, grandes empresas se instalaram nos edifícios, dando ares internacionais à avenida, de 2,8 km de extensão.

Hoje, dos casarões antigos restam poucos, inteiros ou em fragmentos, transformados em restaurantes, agências de banco e museus. Dentre as construções mais antigas, além do número 1.919, restam também o Grupo Escolar Rodrigues Alves (número 227), de 1919, e o Instituto Pasteur, de 1903, no número 393.

Da confeitaria e restaurante Trianon, frequentada por Mário de Andrade e seus amigos modernistas, restou apenas uma vista para a cidade, que pode ser apreciada a partir do vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Memória
Assim, a Paulista vive em constante mutação, em busca da modernização. A maioria dos casarões não existe mais. Apenas duas casas, a das Rosas (de 1935) e a do número 1.919 , estão tombadas.

Para a historiadora Marly Rodrigues, 60, chefe da Seção de Levantamento e Pesquisa da Divisão de Preservação do Departamento de Patrimônio Histórico, o "patrimônio é visto como manutenção de qualidade de vida", pois envolve as pessoas emocionalmente com os lugares.

"A existência física de prédios, logradouros e obras de arte remete o homem ao passado", diz. Mas a constante transformação da avenida é para ela um reflexo de um mundo que não pode parar. "Queira ou não queira, a vida é dinâmica. O patrimônio não é tradição congelada no tempo. Tem que estar integrado no cotidiano, no presente das pessoas."

"Derrubar os casarões foi ruim porque a Paulista não precisava [da demolição" e foi bom porque corresponde à dinâmica da sociedade", diz ela. "Mas perdemos, sim, porque passado e progresso não são coisas opostas."

Já para Nelson Baeta Neves, da ONG Associação Paulista Viva, a avenida ficou por muito tempo sem novidades e precisa dos edifícios modernos, que começam a surgir. "Precisamos de prédios inteligentes para que as empresas que saíram da Paulista voltem", diz Neves, que garante que isso já está acontecendo.

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