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09/09/2002 - 20h04

Ida de brasileiros aos EUA cai 23% em 2001

CHIAKI KAREN TADA
enviada especial a Las Vegas

A instabilidade e a desvalorização do real prejudicaram a retomada da ida de brasileiros aos EUA após os atentados de 11 de setembro. Também outros países da América Latina, como Argentina e Venezuela, sofreram crises econômicas que impediram a ida de turistas para os EUA.

O número de brasileiros que visitaram terras norte-americanas no primeiro trimestre deste ano foi 31% menor em relação ao mesmo período de 2001, e a queda em 2001 como um todo foi de 23% em relação a 2000, segundo estimativas divulgadas pelo Departamento de Comércio dos EUA durante a 13ª La Cumbre - convenção anual de turismo cujo objetivo é vender produtos turísticos daquele país à América Latina-, realizada entre os dias 4 e 6 de setembro em Las Vegas.

"Experimentamos o ano mais difícil na história do turismo moderno", disse Rick Still, diretor-geral da La Cumbre. Nos primeiros cem dias após os atentados foram perdidos nos EUA cerca de US$ 40 bilhões em receitas e 273 mil empregos. A isso acrescenta-se as economias que enfrentam dificuldades, tanto nos EUA quanto na América Latina.

A estimativa inicial apresentada pelo Departamento de Comércio era a de que os EUA receberiam 597 mil brasileiros neste ano, um aumento de 5% em relação a 2001. Já a TIA, associação do turismo norte-americano, previa que esse acréscimo seria de 12%. Mas depois a entidade refez os cálculos e concluiu que o número de brasileiros nos EUA deve cair 4% neste ano, segundo Luiz de Moura Jr., gerente de marketing internacional da TIA para a América Latina. "O 11 de setembro, para o brasileiro, já passou", diz Moura. "Quando [o câmbio] se estabilizar, as pessoas vão viajar de novo."

A desvalorização do real afeta principalmente a classe média brasileira e foi um fator mencionado também por representantes de algumas empresas brasileiras presentes na La Cumbre. "O 11 de setembro não foi o pior, já vínhamos sofrendo com o dólar", diz Bárbara Picolo, gerente de produtos da CVC, empresa focada na América do Norte e no Caribe. A empresa tem trabalhado com clientes de poder aquisitivo maior e buscado novos produtos.

"Antes de 2004, a situação não será como antes por causa do câmbio e da dificuldade de obter visto", diz Augusto Leal de Barros, diretor para o Brasil do Visit Florida. A Flórida continua sendo o Estado mais visitado por brasileiros, cujo número caiu para 280 mil em 2001, ou 35%, segundo Barros. Ele informa que agora esses dados já estão melhorando.

Para toda a América Latina, a queda no número de visitantes que foram aos EUA (excluindo o México, visto como mercado doméstico por fazer fronteira com o país), foi estimada em 17% no primeiro trimestre de 2002 em comparação ao mesmo período do ano passado. Em 2001, a queda foi de 8%, com a chegada de 4,7 milhões de pessoas. A projeção do Departamento de Comércio dos EUA é que em 2002 haja uma queda de 1% em relação a 2001, com um crescimento de 7% previsto para 2003.

Essa recuperação difícil se refletiu na própria La Cumbre, que contou com menos fornecedores (642 contra 776 no ano passado) e compradores (397 contra 448 no ano passado). Neste ano a feira reuniu cerca de 1.300 participantes de 24 países. Do Brasil foram 67 representantes.

Para Rick Still, as negociações que ocorrerem nos próximos seis meses definirão a performance do setor nos próximos anos.

A Nascimento Turismo, por exemplo, começou neste ano a investir mais no mercado internacional "de olho no futuro", diz o gerente de operações da companhia, Oswaldo Freitas, que participou da La Cumbre. Com isso, pretende "ganhar mercado quando todo mundo se equilibrar".

"A crise é mundial. Todos temos que nos adaptar", afirma Danielle Clouzet Roman, da Interamerican, que representa Massachussetts. Segundo ela, o Estado cortou mais de 30% da verba para promoções, e a solução foi ter jogo de cintura para continuar presente no mercado. "A prioridade neste ano foi participar do pool See America [que reúne operadoras brasileiras que trabalham com produtos turísticos dos EUA]."

Segundo Moura, as companhias aéreas, as mais atingidas pelos atentados, ainda estão sentindo o reflexo de 11/9. As empresas norte-americanas perderam US$ 16 bilhões em um mês e meio, logo após os atentados. "A expectativa é que comecem a operar com pequenos lucros a partir do segundo semestre de 2003."

Neste ano, a La Cumbre apresentou não apenas produtos dos EUA, como vinha fazendo nas edições anteriores, mas de regiões como Cancún (México) e países como Panamá e Jamaica. A feira deve gerar cerca de US$ 1,7 bilhão em negócios, dos quais 10% devem ficar na região de Las Vegas.

Chiaki Karen Tada viajou a convite da La Cumbre 2002 e da American Airlines

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