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11/08/2003
-
04h32
da Folha de S.Paulo
A nova regra exigindo visto de trânsito para os EUA, prevista para durar três meses, prejudica as companhias aéreas norte-americanas e a japonesa JAL, que faz escalas nesse país, e atinge, indiretamente, o turismo dos EUA.
Tiram proveito da medida do governo americano empresas européias --Air France e Lufthansa--, a canadense Air Canada e a sul-africana SAA (South African Airways), todas com boas conexões para a Ásia, além da Copa Airlines e da AeroMexico, que espalham passageiros pelo Caribe.
Os primeiros sinais de que outras companhias vão abocanhar parte desse mercado já começaram a surgir na semana passada.
"Um grupo de 18 pessoas que ia para Nagoya [Japão] e outro de 25 para Dili [Timor Leste], viajando com escala nos EUA, vão usar a nossa rota", diz Rosana Barrese, gerente de vendas da SAA.
A partir de 9 de dezembro, a alemã Lufthansa, que tem saídas diárias de São Paulo para Tóquio, com escala em Frankfurt em aeronaves Boeing 747-400, com capacidade para 390 passageiros, com vôos que partem de Santiago e de Buenos Aires, terá uma aeronave exclusiva saindo de São Paulo.
Viajar fazendo escala na Alemanha, na África do Sul e na França tem a vantagem de não exigir visto para brasileiros para turismo ou trânsito. Para o Canadá, esse último tipo de visto não custa nada e dá direito a circular pelo país por 48 horas.
Reação nos EUA
Em artigo publicado no diário "Miami Herald" na semana passada, John Marks, membro da poderosa TIA (Travel Industry Association of America) e presidente do San Francisco Convention Bureau, afirma que segurança interna e econômica são importantes para os americanos, mas que deve haver um equilíbrio.
"O governo deveria trabalhar com a indústria do turismo para montar políticas comuns que funcionassem [...] Tanto a indústria do turismo quanto a nação se beneficiam quando estamos, de fato, mais seguros. Mas até mesmo quando o governo federal toma uma medida em resposta a ameaças específicas, como a recente suspensão do programa de trânsito sem visto, carrega a percepção de que os EUA estão se tornando menos e menos acolhedores."
De fato, agentes brasileiros dizem que o efeito psicológico da nova medida prejudica ainda mais as viagens para os EUA.
"A impressão é que, se o visto era difícil antes, agora é impossível", diz Marcelo Barone, diretor comercial da RCA.
Para Magda Nassar, diretora da Soft Travel, a série de medidas negativas (exigência de entrevista e suspensão do programa de viajar sem visto em trânsito) "deixa os EUA com imagem negativa".
De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA, o maior número de usuários do programa de viagem sem visto em trânsito é do Brasil, seguido por México, Coréia, Filipinas e Peru.
O governo dos EUA estima que as novas restrições afetem 600 mil passageiros em todo o mundo, e o Brasil foi, sem dúvida, o mais afetado. No ano passado, quase 88 mil brasileiros viajaram para os EUA no programa de trânsito sem visto.
O turismo internacional rumo aos EUA já caiu 20% desde o 11 de Setembro.
Companhias aéreas e turismo norte-americano saem perdendo
MARGARETE MAGALHÃESda Folha de S.Paulo
A nova regra exigindo visto de trânsito para os EUA, prevista para durar três meses, prejudica as companhias aéreas norte-americanas e a japonesa JAL, que faz escalas nesse país, e atinge, indiretamente, o turismo dos EUA.
Tiram proveito da medida do governo americano empresas européias --Air France e Lufthansa--, a canadense Air Canada e a sul-africana SAA (South African Airways), todas com boas conexões para a Ásia, além da Copa Airlines e da AeroMexico, que espalham passageiros pelo Caribe.
Os primeiros sinais de que outras companhias vão abocanhar parte desse mercado já começaram a surgir na semana passada.
"Um grupo de 18 pessoas que ia para Nagoya [Japão] e outro de 25 para Dili [Timor Leste], viajando com escala nos EUA, vão usar a nossa rota", diz Rosana Barrese, gerente de vendas da SAA.
A partir de 9 de dezembro, a alemã Lufthansa, que tem saídas diárias de São Paulo para Tóquio, com escala em Frankfurt em aeronaves Boeing 747-400, com capacidade para 390 passageiros, com vôos que partem de Santiago e de Buenos Aires, terá uma aeronave exclusiva saindo de São Paulo.
Viajar fazendo escala na Alemanha, na África do Sul e na França tem a vantagem de não exigir visto para brasileiros para turismo ou trânsito. Para o Canadá, esse último tipo de visto não custa nada e dá direito a circular pelo país por 48 horas.
Reação nos EUA
Em artigo publicado no diário "Miami Herald" na semana passada, John Marks, membro da poderosa TIA (Travel Industry Association of America) e presidente do San Francisco Convention Bureau, afirma que segurança interna e econômica são importantes para os americanos, mas que deve haver um equilíbrio.
"O governo deveria trabalhar com a indústria do turismo para montar políticas comuns que funcionassem [...] Tanto a indústria do turismo quanto a nação se beneficiam quando estamos, de fato, mais seguros. Mas até mesmo quando o governo federal toma uma medida em resposta a ameaças específicas, como a recente suspensão do programa de trânsito sem visto, carrega a percepção de que os EUA estão se tornando menos e menos acolhedores."
De fato, agentes brasileiros dizem que o efeito psicológico da nova medida prejudica ainda mais as viagens para os EUA.
"A impressão é que, se o visto era difícil antes, agora é impossível", diz Marcelo Barone, diretor comercial da RCA.
Para Magda Nassar, diretora da Soft Travel, a série de medidas negativas (exigência de entrevista e suspensão do programa de viajar sem visto em trânsito) "deixa os EUA com imagem negativa".
De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA, o maior número de usuários do programa de viagem sem visto em trânsito é do Brasil, seguido por México, Coréia, Filipinas e Peru.
O governo dos EUA estima que as novas restrições afetem 600 mil passageiros em todo o mundo, e o Brasil foi, sem dúvida, o mais afetado. No ano passado, quase 88 mil brasileiros viajaram para os EUA no programa de trânsito sem visto.
O turismo internacional rumo aos EUA já caiu 20% desde o 11 de Setembro.
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