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21/08/2003 - 17h00

Tóquio comemora seus 400 anos com pompa

da France Presse, em Tóquio

Megalópole com mais de 12 milhões de habitantes em apenas 2.000 km2, Tóquio comemora em grande pompa seus 400 anos e evoca sua ancestral Edo.

Pequeno porto de pesca escolhido em 1603 pelo shogun Ieyasu Tokugawa para instalar seu castelo e seu poder, Edo (porto da baía) virou capital do Japão entre 1603 e 1867 antes de ser rebatizada como Tóquio (capital do leste) pelo imperador em 1868, durante sua passagem pela era Meiji, que marca o início da modernização do país.

Em cima do tema "Edo-Tóquio: 400 anos de história", mais de 700 eventos estão sendo organizados ao longo deste ano em Tóquio, até março de 2004, para comemorar a cultura popular de Edo, conforme explica Kazayuki Gomi, membro do comitê de organização.

Em seis meses, mais de 11 milhões de visitantes já assistiram aos vários eventos. Exposições, desfiles de carros folclóricos, concertos de música tradicional, seminários, edição de velhos mapas e atlas, lançamento de CD-Roms, assiste-se a uma verdadeira "edomania" avaliada em 3,8 bilhões de ienes (US$ 31,8 milhões), segundo Gomi.

"Editamos nove livros sobre Edo em 2002 e vamos editar ainda quatro este ano", disse Fumiko Hirohata, responsável pelas edições Shogakukan.

O plano de comunicação está à altura do acontecimento. Mais de 40.000 bandeirolas "Edo-Tóquio: 400 anos de história" decoram os bairros que participam da operação.

Mas que resta de Edo na megalópole atual?

"Praticamente nada, além de alguns vestígios do castelo de Edo no local do palácio imperial", lamenta o historiador Makoto Takeuchi, diretor-geral do Museu de Edo-Tóquio desde sua abertura em 1993.

Devastada pelo grande terremoto de 1923 e pelos bombardeios de 1945, a capital nipônica sofreu em seguida profundas transformações a partir dos anos 60.

"Até o início dos anos 60, havia ainda traços da velha Edo em Tóquio mas as grandes obras para os Jogos Olímpicos de 1964 mudaram tudo. Rios foram aterrados, as estradas se multiplicaram e as vias rápidas destruíram definitivamente a paisagem de Edo", afirma Takeuchi.

Nos anos 1980, o "boom" financeiro se traduziu por uma especulação rural e imobiliária desenfreada, acarretando a destruição de bairros tradicionais e sua substituição por torres e outros imóveis modernos.

Segundo Takeuchi, os moradores típicos da era Edo, os "nagaya", aquelas velhas construções de madeira estreitas que abrigavam a classe dos "chonin" (comerciantes e artesãos) quase desapareceram totalmente e, com elas, o espírito de aldeia que reinava.

"Para mim, Edo era antes de tudo um estado de espírito baseado no respeito ao outro, na polidez e nas tradições populares", disse.

"Hoje, quando vejo no metrô japonês garotas que se maquiam em público sem pudor ou então homens de negócios apressados, que se esbarram sem pedir desculpas, lamento que o espírito de Edo tenha desaparecido de nossa civilização", acrescenta.

Mas sua nostalgia é passageira. Prefere prosseguir a luta começada com amigos pesquisadores e universitários nos anos 80 para ensinar aos jovens a tradição popular de Edo e promover seu museu que comemora neste ano seu décimo aniversário e já recebeu mais de 20 milhões de visitantes.

"Meu sonho é que um dia os visitantes estrangeiros venham a Tóquio para visitá-lo da mesma maneira como o Museu do Louvre em Paris ou o British Museum em Londres", diz.
 

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