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01/09/2003
-
05h35
No Brasil desde meados do século 19 (1857 a 1873), os pomeranos -imigrantes da Pomerânia, região situada entre o norte da Alemanha e a Polônia- desenvolveram uma cultura auto-suficiente e, pelas dificuldades de locomoção proporcionadas pela serra capixaba, acabaram se isolando dentro de um "país independente" no Espírito Santo.
Esses imigrantes estabeleceram-se nos distritos de Melgaço e Paraju, no município de Domingos Martins, e hoje muitos deles não conhecem uma palavra sequer em português. Eles falam um dialeto próprio, que nem mesmo aqueles que dominam o alemão conseguem compreender. Os mais velhos também falam a língua alemã.
A sensação que se tem ao chegar em Melgaço, onde quase 100% dos habitantes são descendentes de pomeranos, é que se está entrando em um outro país. São pessoas nascidas e criadas no Brasil, muitas com mais de 70 anos, e que não entendem sequer "Como vai?" em português.
Mas nem por isso deixam de proporcionar aos visitantes -desde que acompanhados por um conhecido- uma recepção calorosa. Em uma das casas visitadas pela reportagem, uma senhora de mais de 60 anos tocou sua gaita para demonstrar a satisfação em receber os "estrangeiros".
"A música é herança dos imigrantes", conta Joel Guilherme Velten, historiador descendente de alemães, cuja família foi erradicada em Campinho (sede de Domingos Martins), e que nos apresentou à "Pomerânia brasileira".
Em outra casa, o casal mostrou as fotos de seus antepassados, que por tradição ficam expostas em porta-retratos pendurados no alto das paredes da sala.
As casas típicas pomeranas não usam blocos de concreto nem tijolos. São construídas com vigas de madeira e o espaço entre elas é preenchido com barro. Depois, as paredes são pintadas de branco, e os batentes das portas e janelas, invariavelmente, ganham a cor azul. As telhas são de ferro. "São as cores da bandeira pomerana", explica Velten.
O triste, no entanto, é que já são poucas as construções típicas preservadas. Os descendentes mais jovens consideram as casas muito antigas e começam a usar materiais novos como tijolos e telhas de fibra de plástico em suas obras.
Os pomeranos de Melgaço e Paraju vivem basicamente da agricultura de subsistência. Também criam patos -quase todas as casas típicas têm um lago-, porcos e outros animais que possam lhes servir de alimento.
Segundo o historiador Velten, muitos também comercializam boa parte dos alimentos cultivados.
Melgaço é parada obrigatória para os turistas que se interessam pelas diferentes culturas existentes no Brasil. Neste mês, acontece no distrito a Pommerfest. Uma festa com rituais que contam a história dos pomeranos e de sua culinária típica.
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da enviada especial ao Espírito SantoNo Brasil desde meados do século 19 (1857 a 1873), os pomeranos -imigrantes da Pomerânia, região situada entre o norte da Alemanha e a Polônia- desenvolveram uma cultura auto-suficiente e, pelas dificuldades de locomoção proporcionadas pela serra capixaba, acabaram se isolando dentro de um "país independente" no Espírito Santo.
Esses imigrantes estabeleceram-se nos distritos de Melgaço e Paraju, no município de Domingos Martins, e hoje muitos deles não conhecem uma palavra sequer em português. Eles falam um dialeto próprio, que nem mesmo aqueles que dominam o alemão conseguem compreender. Os mais velhos também falam a língua alemã.
A sensação que se tem ao chegar em Melgaço, onde quase 100% dos habitantes são descendentes de pomeranos, é que se está entrando em um outro país. São pessoas nascidas e criadas no Brasil, muitas com mais de 70 anos, e que não entendem sequer "Como vai?" em português.
Mas nem por isso deixam de proporcionar aos visitantes -desde que acompanhados por um conhecido- uma recepção calorosa. Em uma das casas visitadas pela reportagem, uma senhora de mais de 60 anos tocou sua gaita para demonstrar a satisfação em receber os "estrangeiros".
"A música é herança dos imigrantes", conta Joel Guilherme Velten, historiador descendente de alemães, cuja família foi erradicada em Campinho (sede de Domingos Martins), e que nos apresentou à "Pomerânia brasileira".
Em outra casa, o casal mostrou as fotos de seus antepassados, que por tradição ficam expostas em porta-retratos pendurados no alto das paredes da sala.
As casas típicas pomeranas não usam blocos de concreto nem tijolos. São construídas com vigas de madeira e o espaço entre elas é preenchido com barro. Depois, as paredes são pintadas de branco, e os batentes das portas e janelas, invariavelmente, ganham a cor azul. As telhas são de ferro. "São as cores da bandeira pomerana", explica Velten.
O triste, no entanto, é que já são poucas as construções típicas preservadas. Os descendentes mais jovens consideram as casas muito antigas e começam a usar materiais novos como tijolos e telhas de fibra de plástico em suas obras.
Os pomeranos de Melgaço e Paraju vivem basicamente da agricultura de subsistência. Também criam patos -quase todas as casas típicas têm um lago-, porcos e outros animais que possam lhes servir de alimento.
Segundo o historiador Velten, muitos também comercializam boa parte dos alimentos cultivados.
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