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02/01/2004 - 03h46

Mochileiros "descobrem" o Rio de Janeiro

FABIANA CIMIERI
da Folha de S.Paulo, no Rio

Uma mochila nas costas e roteiros alternativos na cabeça. Esse é o novo perfil de turista que chega ao Rio neste verão. A cidade é o principal destino brasileiro de estrangeiros "backpacker" (mochileiros). São jovens, entre 24 e 35 anos, de classe média alta, que viajam sozinhos ou com um amigo e não se restringem aos pontos turísticos tradicionais.

O jornalista inglês David Heron, 26, está há um mês no Rio e já fez três viagens para conhecer os arredores. Esteve duas vezes na Ilha Grande (Angra dos Reis, a 150 km do Rio) e uma em Parati (a 237 km do Rio).

Heron está hospedado no albergue independente (não-associado a redes) Rio Hostel (Santa Teresa, zona sul), onde não precisa andar mais de 300 m para estar na Lapa, reduto da boêmia carioca. Para ele, o bom é "viver como os cariocas vivem".

De férias, escolheu o Rio porque gosta de samba.

Essa é a síntese da filosofia mochileira, segundo a secretária nacional da Hi Hostel Brasil (ex-Federação Brasileira de Albergues da Juventude), Helena Britto. "Eles querem conhecer gente e culturas diferentes. Têm dinheiro, mas não querem gastar com hospedagem. Preferem gastar em passeios, compras e noitadas", resume ela.

Heron chegou ao país sozinho, como a maioria dos mochileiros, mas fez amigos no albergue, como os namorados suecos Nicolas Aspegren, 22, e Lee Stanffer, 24 --que fazem uma viagem de três meses pela América do Sul.

De acordo com dados da Hi Hostel, maior rede de albergues do mundo, o número de alberguistas no país cresceu 32,7% entre 2000 e 2002.

No período, pelo menos 12 novos albergues foram inaugurados no Rio, segundo a Secretaria Municipal de Governo.

A Hi Hostel, que há 15 anos só tinha um albergue credenciado na cidade, aceitou mais dois associados neste ano, devido ao aumento da demanda.

Britto disse acreditar que em breve o país será o maior destino de mochileiros no mundo. "O que precisamos é de divulgação, porque o produto é excelente."

Potencial subutilizado

Apesar do aumento do número de mochileiros, o potencial para o turismo brasileiro ainda é subutilizado. A Hi Hostel tem 3,7 milhões de alberguistas associados no mundo. No Brasil, são apenas 42 mil (1,1%).

Segundo o Ministério do Turismo, a Austrália, principal destino de mochileiros, recebe em média 600 mil deles por ano. O Brasil recebe só 18 mil.

O ministro Walfrido Mares Guia reconheceu a importância do segmento ao incluir, pela primeira vez, esse perfil de turista nas diretrizes gerais do Plano Estratégico de Turismo.

Na prática, isso significa que os albergues poderão receber orientação do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) e serem divulgados pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo).

A professora de inglês Rachel Cobb, 31, que saiu da Inglaterra há três meses para dar aulas em São Paulo, concorda que o país é mal divulgado no exterior. "A imprensa só fala da violência. Vim influenciada por amigos."

Hospedada no albergue Chave do Rio (Botafogo, zona sul), ela, dias atrás, tomava café da manhã com o estudante de economia suíço Beni Kleps, 26, que acabara de conhecer.

Os dois trocavam impressões positivas sobre a cidade. Medo da violência? "Qualquer cidade grande é violenta, não se pode facilitar", afirmou Kleps.

No primeiro dia na cidade, ele comprou um par de sandálias havaianas com a bandeira do Brasil e andou o dia inteiro pelo centro. "No final, meus pés estavam pretos, mas valeu a pena."

Cobb disse preferir a praia durante o dia. À noite, gosta de ir ao Baixo Gávea --área com bares frequentada por jovens de classe média, na zona sul.

Segundo a Hi Hostel, os destinos principais de mochileiros estrangeiros no país são Rio, Foz do Iguaçu (PR), Bonito (MS) e Florianópolis. Os Estados do Nordeste recebem mais turistas brasileiros.

As 11 principais nacionalidades dos turistas estrangeiros são alemã, inglesa, americana, argentina, sueca, norueguesa, holandesa, espanhola, chilena, australiana e neozelandesa.
 

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