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10/05/2004
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05h36
"Toda a seiva foi bebida e, sob forma de grão, ensacada e mandada para fora. Mas do ouro que veio em troca nem uma onça permaneceu ali, empregada em restaurar o torrão. Transfiltrou-se para o Oeste, na avidez de novos assaltos à virgindade da terra nova." Dessa forma, Monteiro Lobato descreveu em "Cidades Mortas" a decadência da região do Vale do Paraíba, que até 1850 havia se embebido da riqueza adquirida com o café, sinalizando a direção da nova opulência: o Oeste Paulista.
Numa viagem à região, pelo menos em um aspecto fica claro por que a produção cafeeira sucumbiu no vale. Situado entre o litoral e a serra, a geografia impedia a expansão cafeeira. As terras cansadas tornaram-se de baixa rentabilidade. Já no Oeste Paulista não faltava solo para cultivar mais e mais pés de café.
Mas não foi só isso que fez com que a trajetória da expansão do café "abandonasse" Vassouras e Bananal, respectivamente as "capitais do café" em terras fluminenses e paulistas, para rumar a Limeira, Campinas, São Carlos, Rio Claro, Ribeirão Preto.
Enquanto os cafeicultores do Vale do Paraíba sustentavam a monarquia --haviam sido recompensados com terras cedidas pelo governo imperial, que lhes dava os títulos nobiliárquicos, daí a alcunha barões do café-- e investiam na compra de mais escravos numa época em que o fim do tráfico e da escravidão dava as caras, os fazendeiros do Oeste Paulista buscavam uma nova alternativa de mão-de-obra (imigrantes) e gastavam em tecnologia. A decadência do café no vale era irreversível.
Visitar as fazendas de café no Rio ou em São Paulo é recuar na história da economia cafeeira no século 19. Uma parada na região de Limeira conta outra importante parte da história: as primeiras experiências com imigrantes. A fazenda Ibicaba, do antigo regente do Império Nicolau de Campos Vergueiro, acolheu os primeiros imigrantes em 1847. Não deu nada certo. Alemães e suíços se revoltaram. Hoje a fazenda está aberta para visitação.
Monteiro Lobato narrou declínio do Vale do Paraíba
da Folha de S.Paulo"Toda a seiva foi bebida e, sob forma de grão, ensacada e mandada para fora. Mas do ouro que veio em troca nem uma onça permaneceu ali, empregada em restaurar o torrão. Transfiltrou-se para o Oeste, na avidez de novos assaltos à virgindade da terra nova." Dessa forma, Monteiro Lobato descreveu em "Cidades Mortas" a decadência da região do Vale do Paraíba, que até 1850 havia se embebido da riqueza adquirida com o café, sinalizando a direção da nova opulência: o Oeste Paulista.
Numa viagem à região, pelo menos em um aspecto fica claro por que a produção cafeeira sucumbiu no vale. Situado entre o litoral e a serra, a geografia impedia a expansão cafeeira. As terras cansadas tornaram-se de baixa rentabilidade. Já no Oeste Paulista não faltava solo para cultivar mais e mais pés de café.
Mas não foi só isso que fez com que a trajetória da expansão do café "abandonasse" Vassouras e Bananal, respectivamente as "capitais do café" em terras fluminenses e paulistas, para rumar a Limeira, Campinas, São Carlos, Rio Claro, Ribeirão Preto.
Enquanto os cafeicultores do Vale do Paraíba sustentavam a monarquia --haviam sido recompensados com terras cedidas pelo governo imperial, que lhes dava os títulos nobiliárquicos, daí a alcunha barões do café-- e investiam na compra de mais escravos numa época em que o fim do tráfico e da escravidão dava as caras, os fazendeiros do Oeste Paulista buscavam uma nova alternativa de mão-de-obra (imigrantes) e gastavam em tecnologia. A decadência do café no vale era irreversível.
Visitar as fazendas de café no Rio ou em São Paulo é recuar na história da economia cafeeira no século 19. Uma parada na região de Limeira conta outra importante parte da história: as primeiras experiências com imigrantes. A fazenda Ibicaba, do antigo regente do Império Nicolau de Campos Vergueiro, acolheu os primeiros imigrantes em 1847. Não deu nada certo. Alemães e suíços se revoltaram. Hoje a fazenda está aberta para visitação.
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