Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/08/2004 - 04h50

Índia: Vida à indiana desfila ao longo das escadarias

da Folha de S.Paulo, na Índia

A vida fervilha nas outras 97 escadarias que contornam o leito do rio Ganges. A rotina das "ghats" vai do casamento à cremação, passando por uma simples lavagem de roupa. Em cada escada acontece uma manifestação religiosa ou cultural, geralmente no mesmo horário.

A cidade se estende da Raj Ghat, próxima ao centro, até a Assi Ghat, perto da Universidade de Benares (antigo nome de Varanasi) --importante centro de educação e cultura no país.

Se o nível do rio estiver baixo, dá para caminhar de uma escadaria à outra. O passeio dura cerca de uma hora. Outra boa pedida são as viagens de barco.

Com paciência se negocia a hora a bordo por 20 rupias (cerca de 50 rupias valem US$ 1). Faça um esforço para acordar cedo, pois um dos melhores horários para esse percurso é ao nascer do sol.

A Assi é uma das escadarias para banho na rota de praticantes do ritual hindu Panchatirthi Yatra, de purificação. As outras são Dasaswamedh, Adi Keshava, Panchganga e Manikarnika.

Nessa última, os mortos são cremados em fogueiras à beira-rio. No hinduísmo, a não ser que a família não tenha dinheiro para a lenha, os mortos são cremados.

Ao serem enterrados, acreditam, a ida de sua "alma ao paraíso" é prejudicada. Ser cremado em Varanasi é ainda mais significativo, pois a "alma do morto" passa pelo "moksha", a liberação do ciclo de vida e morte.

Na Manikarnika Ghat, ao menos dez fogueiras são alimentadas sem cessar, dezenas de corpos são cremados, e as cinzas, jogadas no rio.

Grávidas e crianças não passam por esse processo. Vistas como criaturas puras, seus corpos são depositados no rio. Há outra escadaria de cremação, a Harishchandra, uma das mais antigas.

Esses rituais de cremação, que dependendo do vento deixam pairando no ar um cheiro de churrasco, atraem muitos turistas. Mas câmeras fotográficas são absolutamente proibidas.

Na parte antiga de Varanasi, formada por vielas e sem acesso a carros e a riquixás (cadeira de duas rodas puxada por um homem), é comum ver corpos serem transportados em macas de bambu, cobertos por panos laranjas. Atrás, seguem os parentes --somente homens--, que rezam em voz alta. A presença das mulheres não é permitida.

Cada escada tem uma peculiaridade ou foi cenário de alguma lenda hindu. Na Manikarnika Ghat, acredita-se que Shiva teria esvaziado um poço para achar o brinco de sua mulher que havia caído ali. Depois, ele teria enchido o poço com o seu suor. O buraco pode ser visto. Na Charanpaduka, segundo a crença, há pegadas de Vishnu.

Outras reservam curiosidades da história de Varanasi. A Shivala Ghat pertencia ao marajá de Varanasi. Outras foram construídas por nobres. A Meer Ghat é um bom local para ver casamentos. Após o ritual, o casal segue ao rio, para a bênção.

A Lal Ghat é a mais colorida. No início da tarde, as mulheres se dirigem ao local para lavar roupas no rio e estendem tecidos e saris (traje feminino enrolado no corpo) nos varais das escadas para secar. Deserto, o outro lado do rio não é bem visto pelos hindus. É como o outro lado do paraíso.

Leia mais
  • Turista transcende percalços na Índia
  • Em território indiano, opte por viagem de trem
  • Pacotes para a Índia
  • Dia-a-dia de Varanasi deságua no Ganges
  • Panteão hindu abriga milhões de deuses

    Especial
  • Veja galeria de fotos da Índia
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre a Índia

  •  

    Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
    ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade