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05/08/2005 - 22h00

Crônica: Rafting em Brotas é melhor remédio para tédio e insônia

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Sempre tive medo de água. Nunca aprendi a nadar direito. Em uma noite de sexta-feira, tomado pelo tédio e insônia, deixei a fobia de lado e decidi que era hora de conhecer Brotas (245 km da capital) e descer o rio Jacaré Pepira em um bote inflável, no meu primeiro e emocionante rafting.

Arquivo pessoal
Lição do rafting: sincronizar ações e seguir o rumo do rio
Lição do rafting: sincronizar ações e seguir o rumo do rio
Sozinho, fui até a estação da Barra Funda e peguei um ônibus (empresa Expresso de Prata: 0/xx/11/3392-7373), após uma pesquisa no site da administradora do terminal rodoviário. São quatro horas de viagem, parando em Jundiaí, Campinas e Itirapina.

No início, nem percebi que o ônibus iria demorar quatro horas para percorrer só 245 km. O tédio crescia com as irritantes paradas. Como era noite, ficou difícil ler um livro, uma revista. Era quase meia-noite quando, finalmente, pisei na rodoviária de Brotas. Até a pousada Broto D'água, foi uma boa caminhada, com mochila nas costas, em ruas desertas.

Antes de cair na água

Na pousada, percebi que estar sozinho em Brotas era uma situação incomum. O normal é ver famílias ou grupos de amigos. Na madrugada, comecei a entrar no clima da cidade, ouvindo o barulho de insetos, de aves e sapos. Vencido pelo cansaço da viagem, o insone dormiu.

Pela manhã, o destino era a sede da Vaca Náutica, no centro, uma das diversas empresas de ecoturismo na região. Fui colocado em um grupo de turistas e recebi instruções. O guia questionou se todo mundo ali sabia nadar. Envergonhado, fiquei em silêncio e sorri.

De ônibus, chegamos à margem do rio. Antes de cair na água, simulamos manobras e remadas. Estranho no ninho, fui apresentado ao grupo, uma família simpática, de origem italiana. Logo, eles criaram um grito de guerra ("porca miséria"), dado após o bote vencer cada corredeira.

Mesmo com as medidas de segurança (colete e capacete), torcia para que o bote não virasse. Era um medo bobo de ser arrastado pelas águas, perder os óculos, entrar em pânico, bater numa pedra e passar pela humilhação de ser resgatado. E no caso de acidente, eu estaria sozinho.

Descendo o rio Jacaré

No começo, o bote corria em águas calmas. Só as cabeças desviavam de alguns galhos. Como numa montanha-russa, a adrenalina disparou com o tempo: nossas remadas, mais intensas, no compasso das ordens do guia. Para manter o bote estável, a equipe precisava sincronizar cada manobra.

"Porca miséria" ecoou várias vezes ao longo de 12 km. Não viramos. Na reta final, eu me sentia mais à vontade de usar o grito de guerra daquela família italiana. Não quebrei os óculos --presos por um barbante. Ensopados, recolhemos o bote e matamos a sede na despedida.

Dormi a tarde inteira daquele sábado. Foi o melhor sono da minha vida. No domingo, voltei para São Paulo, sem resquício de tédio e com a energia renovada para superar os medos e fobias da vida urbana.

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