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01/12/2005
-
11h30
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Monte Sião
Do alto da chaminé, a fumaça sinaliza: a fábrica de porcelana branca decorada com flores azuis de Monte Sião está próxima, e o forno, em plena atividade.
Seguindo a fumaça, avista-se uma casa branca com batentes pintados, claro, de azul. O portão está aberto, e vê-se, ao fundo, um forno a lenha a todo vapor da tradicional Porcelana Monte Sião.
Escancarado durante a semana, o turista não precisa se acanhar e só dar aquela espiada pelo portão da rua. A fábrica fica aberta para o visitante conferir como são produzidas as inconfundíveis peças de porcelana azul e branca feitas à mão e distribuídas em todo o país.
Mais de 1.500 itens, entre canecas (R$ 5), xícaras e pires de chá (R$ 9) e de café (R$ 6), potinhos de condimentos (R$ 5), jarras (R$ 9), galheteiros (R$ 22), filtro de água (R$ 53) e até mesmo penicos (R$ 13), são produzidos diariamente na fábrica, onde engenhocas modernas passam longe.
Após atravessar os portões, os olhos se fixam no forno. Num ambiente silencioso, percebe-se que os cerca de 60 funcionários circulam pela fábrica com tranqüilidade. É possível acompanhar o passo-a-passo da produção toda feita à mão --da massa de argila, quartzo e caulim, batida num tanque por 60 horas, até a queima das peças no forno a lenha.
O visitante que faz o tour vê funcionários tirando as rebarbas de um filtro, modelando um vaso, fazendo malabarismo com as canecas enquanto as esfrega com uma esponja, esmaltando as louças ou conferindo se a peça está no ponto para ser desenformada.
Não há como negar que uma das melhores partes é observar quem passa o dia pintando pétala por pétala. "Tem vezes que dá para sonhar com elas", diz Paulo Rogério Guerra, 26. Com nove flores em cada vaso, cada uma com nove pétalas, dá para entender o comentário de Guerra depois de pintar com tinta azul mais de cem vasos num único dia.
O dono da fábrica e guia da visita, Antônio Daldosso, 75, explica que o branco e o azul da porcelana de Monte Sião surgiram graças a um português que levou uma jarra com flores azuis e pediu a ele que fizesse uma cópia dela. Desde então, essa se tornou a marca da porcelana de Monte Sião, e, segundo Toninho, "esse azul só dá em forno a lenha".
O forno, aliás, é outra estrela fabril. Nem sempre ele estará ativo, porque, com capacidade para 15 mil itens, são necessários dez dias para enchê-lo. A queima é feita a uma temperatura que atinge 1.300C e dura cerca de 40 horas. Para esvaziar o forno, levam-se de três a quatro dias.
A visita acaba irresistivelmente na loja, essa sim aberta também aos fins de semana. Assim, da próxima vez que um amigo bater os olhos numa jarra azul e branca exposta na sua casa e perguntar: "Foi para Monte Sião, é?", você não só poderá confirmar a viagem mas também contar minúcias do que se passa nessa fantástica fábrica das porcelanas.
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Fumaça sinaliza fornalha de porcelana em Monte Sião
MARGARETE MAGALHÃESEnviada especial da Folha de S.Paulo a Monte Sião
Do alto da chaminé, a fumaça sinaliza: a fábrica de porcelana branca decorada com flores azuis de Monte Sião está próxima, e o forno, em plena atividade.
Seguindo a fumaça, avista-se uma casa branca com batentes pintados, claro, de azul. O portão está aberto, e vê-se, ao fundo, um forno a lenha a todo vapor da tradicional Porcelana Monte Sião.
Escancarado durante a semana, o turista não precisa se acanhar e só dar aquela espiada pelo portão da rua. A fábrica fica aberta para o visitante conferir como são produzidas as inconfundíveis peças de porcelana azul e branca feitas à mão e distribuídas em todo o país.
Mais de 1.500 itens, entre canecas (R$ 5), xícaras e pires de chá (R$ 9) e de café (R$ 6), potinhos de condimentos (R$ 5), jarras (R$ 9), galheteiros (R$ 22), filtro de água (R$ 53) e até mesmo penicos (R$ 13), são produzidos diariamente na fábrica, onde engenhocas modernas passam longe.
Após atravessar os portões, os olhos se fixam no forno. Num ambiente silencioso, percebe-se que os cerca de 60 funcionários circulam pela fábrica com tranqüilidade. É possível acompanhar o passo-a-passo da produção toda feita à mão --da massa de argila, quartzo e caulim, batida num tanque por 60 horas, até a queima das peças no forno a lenha.
O visitante que faz o tour vê funcionários tirando as rebarbas de um filtro, modelando um vaso, fazendo malabarismo com as canecas enquanto as esfrega com uma esponja, esmaltando as louças ou conferindo se a peça está no ponto para ser desenformada.
Não há como negar que uma das melhores partes é observar quem passa o dia pintando pétala por pétala. "Tem vezes que dá para sonhar com elas", diz Paulo Rogério Guerra, 26. Com nove flores em cada vaso, cada uma com nove pétalas, dá para entender o comentário de Guerra depois de pintar com tinta azul mais de cem vasos num único dia.
O dono da fábrica e guia da visita, Antônio Daldosso, 75, explica que o branco e o azul da porcelana de Monte Sião surgiram graças a um português que levou uma jarra com flores azuis e pediu a ele que fizesse uma cópia dela. Desde então, essa se tornou a marca da porcelana de Monte Sião, e, segundo Toninho, "esse azul só dá em forno a lenha".
O forno, aliás, é outra estrela fabril. Nem sempre ele estará ativo, porque, com capacidade para 15 mil itens, são necessários dez dias para enchê-lo. A queima é feita a uma temperatura que atinge 1.300C e dura cerca de 40 horas. Para esvaziar o forno, levam-se de três a quatro dias.
A visita acaba irresistivelmente na loja, essa sim aberta também aos fins de semana. Assim, da próxima vez que um amigo bater os olhos numa jarra azul e branca exposta na sua casa e perguntar: "Foi para Monte Sião, é?", você não só poderá confirmar a viagem mas também contar minúcias do que se passa nessa fantástica fábrica das porcelanas.
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