30/04/2001 - 11h43

Administrador de fazenda é arquivo da história local

da Folha de S.Paulo

Zezinho, apelido de José Ricardo Camargo, 39, nasceu e passou a maior parte da vida na Capoava, ausentando-se da fazenda por dez anos, entre 1990 e 2000.

Ele se lembra com saudades da época em que o pai administrava a fazenda, embora tivesse de acordar muito cedo para fazer trabalhos braçais como carpir a roça e ordenhar as vacas.

Zezinho, atual administrador da Capoava e um dos guias que acompanham os hóspedes em caminhadas pela mata, hoje serve como um arquivo vivo da história da fazenda. "Eles (Paulo Almeida Prado e Maria Alice Setúbal, os proprietários) me ouvem. Às vezes começo a contar uma história e eles pedem para eu continuar."

O dia-a-dia da Capoava no passado, como na época da infância de Zezinho, é um dos temas dos painéis a serem instalados no museu da fazenda, num projeto realizado em conjunto com a USP (Universidade de São Paulo).

Atualmente o espaço conta com documentos, livros, vídeos históricos e fotos, além de peças antigas utilizadas na propriedade, como uma máquina de beneficiar café de meados do século 19.

De acordo com o projeto elaborado com a USP, ainda serão expostos no local uma maquete da tulha, além de uma roda d'água em funcionamento, que ainda deve ser restaurada.

Também a arquitetura das edificações resgata o passado: a sede e a senzala, construídas na época dos bandeirantes, em cerca de 1700, e a colônia dos imigrantes, hoje desmembrada em chalés após uma cuidadosa reforma que introduziu varandas, lajes e mezaninos nas casas, então construídas em chão batido.

Pena apenas que a grande quantidade de obras realizadas na Capoava no ano passado no intuito de adaptá-la ao turismo não contemplou acesso a deficientes físicos. "É uma falha", admite Paulo Almeida Prado, que afirma estar estudando a instalação de estruturas móveis nos apartamentos.