Após restauração, capela de 1622 reabre com obras modernistas em SP

Com uma procuração na mão e a noiva na Itália, o mecânico Aldo Carnevale entrou na capela de São Miguel Arcanjo, na zona leste de SP, em outubro de 1956, e saiu de lá casado. A mulher só chegou ao Brasil no ano seguinte.

Ontem, quando o local foi reaberto ao público após três anos de restauração, Aldo, 80 anos de vida e 55 como morador de São Miguel Paulista, retornou ao local sozinho.

Letícia Moreira/Folha Imagem

Cabeça de bronze de Mário de Andrade é exposta em capela de São Miguel Arcanjo, reaberta ontem, na na zona leste de São Paulo

"Está bonita." Mas algo, para ele, faltava: "Onde estão os bancos? E o órgão quebrado?", questionou com forte sotaque italiano. Os bancos ele soube que foram para restauro. O órgão acabou doado.

A capela foi erguida em 1622, exatos 300 anos antes de o movimento modernista dar as caras por SP. Foi justamente o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) --que teve contribuição fundamental de Mário de Andrade- que tombou o prédio nos anos 30.

Agora, os laços entre o movimento artístico e a capela se fortalecem ainda mais: até 20 de dezembro, obras de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi e Vicente do Rego Monteiro, entre outros, do acervo dos Palácios do Governo do Estado, passam a ser exibidas lá.

A exposição abre de quinta a domingo, das 10h às 17h. O preço do ingresso é de R$ 2. Sábados e domingos, a entrada é gratuita. Em dezembro, o espaço volta a fechar, para uma segunda etapa de restauros. O objetivo é que missas voltem a ser celebradas no local a partir de junho de 2010.

Seu Aldo, que voltou lá sozinho ontem, promete levar a mulher numa próxima visita.