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21/06/2001 - 09h38

Dólar alto afunda o sonho do brasileiro de viajar para o exterior

JANAINA FIDALGO
da Folha Online

Não é só o governo que está "arrancando os cabelos" com a alta do dólar, que do início do ano até 20 de junho valorizou 26,49%, contra os 8,99% de todo 2000. Os turistas que queriam passar as férias de julho fora do Brasil, mas não estão dispostos a gastar "rios" de reais, foram obrigados a rever a programação, optar por um destino nacional ou até mesmo desistir de viajar.

"Com essa confusão, as pessoas ficam mais assustadas e o movimento das agências de viagem deve cair 20%. Com o dólar aumentando desse jeito, quem não tem poupança em dólar empobreceu", disse o operador de turismo Salvador Lembo.

Adiar a viagem foi a solução encontrada pela estudante Vanessa Godoi, 18, que ia fazer um curso de inglês em Boston, nos Estados Unidos. "Ia ficar lá um mês, mas o curso já era meio caro e ficou ainda mais com a alta do dólar. Está inviável", disse Vanessa, que agora vai viajar pelo Brasil. "Pretendo ir a um lugar que tenha um preço mais acessível, talvez para o Nordeste. Vou gastar bem menos", afirmou.

O estudante Fernando Bacalá Ferreira, 20, também cancelou uma viagem que estava programada por causa da alta do dólar. O intercâmbio de um mês no Canadá vai ficar para outra oportunidade. "Já tinha reservado passagem e dado US$ 200 [R$ 482] de entrada do intercâmbio, mas desisti por causa da alta do dólar", afirmou. Depois da desistência, Fernando conseguiu reaver 50% do valor pago. "Eu até teria condições de ir, mas achei melhor esperar outro momento. Espero que fique mais fácil."

Já a estudante de turismo Luciana Rossato, 27, mesmo com a elevação do dólar, não adiou a viagem que fará ao exterior nas férias de julho. "As minhas duas opções eram Estados Unidos ou Londres, mas como fui para Londres no ano passado, agora queria conhecer os Estados Unidos", disse. "Ainda não tenho certeza para onde irei porque ainda não consegui o visto americano."

A preocupação de Luciana, que fará um curso de inglês, são as despesas pagas com cartão de crédito. "Não gosto de traveller check. Prefiro o cartão, mas vou ter que me controlar por causa das faturas ou levar dólar daqui", disse. "Acho que vou gastar um absurdo, uns R$ 10 mil."

Conselhos

Quem não quer adiar a viagem, mas também não tem muito dinheiro disponível, pode seguir os conselhos do professor de planejamento e organização de turismo Marcelo Sotratt, 35, que replanejou sua viagem depois que o dólar começou a subir.

"Fui pego de surpresa. Nem iria mais viajar se não tivesse com tudo esquematizado", disse o professor, que passará um mês conhecendo a Itália e a Grécia.

A passagem, comprada em maio por US$ 2.000 (pouco mais de R$ 4.000 na época), foi a única despesa do passeio que não teve de ser revista. "Eu tinha pago a passagem quando o dólar estava começando a subir, mas o problema agora é ter dinheiro para levar", disse.

O caminho encontrado por Sotratt para não encurtar a estadia na Europa foi adotar medidas alternativas. Em vez de se hospedar em hotéis, o professor ficará em albergues da juventude. Além disso, os trechos do passeio que seriam feitos de avião serão substituídos por trem ou barco. "Foi a opção para não abdicar do sonho."

"As pessoas têm que pensar nisso. Devem procurar hospedagem e transporte alternativo e diminuir ou baratear as refeições", orienta o professor, que só fez reserva em albergues que oferecem café da manhã. "Dependendo do país, o café da manhã é muito bom. É uma despesa a menos." Pequenos prazeres, como saídas noturnas e compras, vão ficar para outra ocasião. "Queria comprar CDs, livros, roupas e perfume, mas não vou."

Buscar informações sobre o destino escolhido para saber o que merece ser visitado, informar-se sobre descontos concedidos aos portadores de carteirinha de estudante e verificar os horários em que museus e passeios são gratuitos são outras boas dicas a seguir.

"Também é bom evitar lugares turísticos. Como toda comunidade tem problemas financeiros, é só se inteirar para saber quais são as atividades que estas pessoas têm", disse Sotratt, que pretende gastar de US$ 60 a US$ 70 por dia com refeições, museus e diversão.

Segundo o professor de turismo, se sua viagem não estivesse marcada, ele procuraria uma opção no Brasil. "Há companhias aéreas mais populares que oferecem bons preços. Passar as férias no Nordeste, por exemplo, é bem agradável", afirmou.

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