BILHETERIA
Copa deve
afastar torcedor
DA REPORTAGEM
LOCAL
A receita do Campeonato
Brasileiro-2000 tem ingredientes certos para fazer da competição um fracasso
de público.
Em primeiro lugar, pelo histórico do torneio, o público despreza as edições
do Nacional em que ocorre um aumento no número de participantes, como,
escandalosamente, acontece agora.
Nas dez edições em que isso aconteceu anteriormente, o público médio caiu
em oito delas.
Na mão inversa, aconteceu justamente o contrário. Nas dez vezes em que
o número de participantes diminuiu, o público médio cresceu em sete, como
vem ocorrendo sucessivamente nos últimos três anos _em 1999, o público
médio do Brasileiro foi de quase 17 mil pagantes por jogo, um crescimento
de mais de 40% em relação ao obtido em 1997.
No ano passado, a competição teve apenas 22 clubes, apenas um quinto do
total de equipes que a Copa João Havelange terá.
Um bom exemplo da queda de interesse que o inchaço do Brasileiro causa
nos torcedores aconteceu em 1993.
Naquele ano, para trazer o Grêmio de volta à primeira divisão, o Nacional
aumentou seu número de participantes de 20 para 32.
Como consequência, o público médio da competição despencou de 16.813 pagantes
por partida em 1992 para 11.035 em 1993.
Além do desprezo que o torcedor sente por competições inchadas, o Clube
dos 13 içou equipes para o Módulo Azul, equivalente à primeira divisão,
com péssimo retrospecto de bilheteria. A exceção é o Bahia.
Fluminense, América-MG e Juventude, três das quatro equipes resgatadas
pelo Clube dos 13, estão entre os times com menos público na história
recente do Campeonato Nacional.
Na última vez que cada uma dessas equipes participou do Brasileiro, a
média de público de cada uma delas nos jogos como mandante não passou
dos 4.000 torcedores por partida.
O Fluminense, por incrível que pareça, conseguiu uma média de público
na terceira divisão, que disputou no ano passado, maior do que nas últimas
duas vezes que esteve na elite do Brasileiro.
No primeiro semestre de 2000, o Juventude, mesmo disputando a a Libertadores
pela primeira vez na sua história, não conseguiu encher seu estádio nos
jogos da competição que disputou.
Já o América-MG, mesmo com o título da Copa Sul-Minas, continua não atraindo
torcedores.
A tabela do Brasileiro também não ajuda no aumento pelo interesse dos
jogos da competição, já que marca partidas em horários que dificultam
a vida do torcedor.
A maior parte dos encontros que serão transmitidos pela televisão aberta
às quartas-feiras, geralmente os melhores da rodada, começarão às 22h,
devido ao início do período de horário eleitoral gratuito.
Além disso, a Globo, que tem os direitos da competição, exige que os jogos
transmitidos aos domingos tenham início às 18h30, em outro horário pouco
convencional no futebol brasileiro.
(PC)
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