Gama
Com vaga assegurada na Justiça, o pequeno time
derrota nos bastidores o Clube dos 13, que havia garantido boicotar torneio que tivesse a equipe
Disseram
que ele não vinha...
Carlos Eduardo - 2.fev.00/Folha Imagem
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Monumento homenageia a conquista da Série B do Brasileiro de 1998 na entrada da cidade-satélite do Gama |
JOSÉ ALBERTO
BOMBIG
DO
PAINEL FC
Dentro de campo, o
Gama não deverá amedrontar muita gente no Nacional-2000, campeonato que
também é chamado de Copa João Havelange. Em outro terreno de disputa,
porém, o time do Distrito Federal, com apenas 25 anos de vida e um currículo
bastante modesto em termos de conquistas, é capaz de tirar o sono de muitos
e importantes adversários.
Nos bastidores, o Gama montou um tripé que se mostrou capaz de mudar os
rumos do futebol brasileiro: um bom advogado, sólido apoio político e
planejamento de marketing.
A receita deu certo, a ponto de o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff,
ferrenho opositor dos métodos do Gama, admitir que para um time obter
sucesso hoje um bom advogado é tão importante quanto um bom jogador.
O Gama foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro após
uma decisão do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), que transferiu três
pontos do São Paulo para o Botafogo-RJ, clube que deveria ter perdido
a vaga na primeira divisão no lugar do time do Distrito Federal.
Inconformado, o Gama recorreu à Justiça comum em novembro. Desde então,
obteve expressivas vitórias jurídicas, motivou a criação da Copa e garantiu
vaga em sua elite. A ação vitoriosa do Gama foi encabeça e montada pelo
advogado Paulo Goyaz, então membro do diretório regional do PFL-DF.
Goyaz, com a ajuda do diretor de marketing do Gama à época, Flávio Raupp,
se baseou no Código de Defesa do Consumidor para argumentar que os torcedores,
que ele chamou de consumidores, estavam sendo lesados.
Com isso, Goyaz, até então apenas um torcedor do clube, passou a ser o
responsável pela estratégia jurídica da disputa que se iniciava com a
CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o Clube dos 13.
Para a Copa João Havelange, Goyaz, o maior desafeto dos adversários do
Gama, assume o cargo de 2º vice-presidente do clube.
A causa levantada por Goyaz e Raupp, hoje no Vitória, foi encampada pelo
então presidente de honra do Gama, Wágner Marques, experiente dirigente,
que ocupou o cargo de vice-presidente da CBF de 1992 a 1996 e chegou a
ser homem forte de Ricardo Teixeira, presidente da entidade.
Em novembro de 1999, Marques ocupava o posto simbólico de presidente de
honra do Gama.
Para a Copa João Havelange, ele assume, pela primeira vez, o cargo de
presidente do clube.
Com Goyaz atuando nos tribunais, e Marques, nas antessalas da CBF, das
federações e dos clubes, faltava um político de expressão para compor
a base pró-Gama.
Foi então que o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF),
começou a ameaçar a CBF com a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) para investigá-la.
Arruda se fortaleceu e facilitou as negociações do clube com a CBF. No
final da disputa, foi ele quem fechou o acordo com a confederação em nome
do Gama. O senador também continuará apoiando o clube no Nacional.
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