Crise da água

Torneira de parque estadual solta 1 L de água por vez; veja teste em 17 locais

Gabriel Cabral/Folhapress
Lacre de plástico ajuda a economizar água em torneiras automáticas, pois diminui tempo de abertura
Lacre de plástico ajuda a economizar água em torneiras automáticas, pois diminui tempo de abertura

No parque estadual da Juventude, na zona norte, ostentação e escassez hídrica convivem juntas no banheiro masculino. Ao lado de torneiras secas, duas automáticas liberam até um litro por vez. São 125 ml por segundo.

Para avaliar como lugares públicos lidam com a questão, a sãopaulo testou as torneiras de 17 endereços, entre shoppings, terminais de ônibus e prédios do governo. Foram avaliados três quesitos: volume de água liberado, tempo e vazão por segundo.

"Qualquer valor acima de 100 ml/segundo é desperdício", define Ricardo Chahim, gerente da Sabesp responsável pelo Programa de Uso Racional da Água, que orienta prédios públicos e empresas a economizar. Companhias que queiram ajuda para diminuir seus gastos podem ligar no 0800-0119911.

Além do parque da Juventude, outros três locais visitados têm vazão considerada excessiva pelo critério da Sabesp. A administração da área verde, que recebe 20 mil pessoas por fim de semana, disse que verificará a situação e fará as correções necessárias.

Editoria de Arte

Nas torneiras que fecham sozinhas, presença quase absoluta em sanitários públicos, não há escolha: a cada aperto, a água só cessa após o tempo programado. Se ele for longo, qualquer tentativa de economizar ao lavar as mãos vai para o ralo.

DESCONFORTO

Chahim também afirma que quando a torneira libera menos de 40 ml/segundo, há desconforto ao lavar as mãos. A reportagem encontrou vários casos assim, como no shopping Aricanduva, no qual saem 9 ml/segundo.

"A conscientização dos lojistas e a colocação dos redutores originou economia de 30% no consumo de água", aponta Marcos Novaes, superintendente do Aricanduva.

No Poupatempo Sé, que despeja 25 ml por segundo, a instalação dos redutores foi feita em janeiro e é parte de um plano para reduzir o consumo em 20% até o fim do ano.

Desde 2012, o prédio, que abriga também a Secretaria da Fazenda, poupou 15 milhões de litros com medidas como correção de vazamentos.

Em outros dois lugares próximos, há exemplos de economia e do exagero: na Câmara Municipal, saem 50 ml por segundo e a torneira fecha em três segundos. No terminal Bandeira, a 300 metros, as torneiras são de rosca, e soltam 105 ml/segundo. Em um minuto, escapam seis litros.

De acordo com a Sabesp, o comércio responde por 12% do consumo de água tratada na cidade e os órgãos públicos, por 3%. As residências representam 83% desse total.

COMO ECONOMIZAR

Para reduzir o consumo nas torneiras automáticas há duas medidas simples. Uma é colocar um lacre abaixo do botão, o que reduz o tempo de abertura. A outra é instalar um redutor no bocal da torneira. A peça, que custa entre R$ 3 e R$ 25, pode reduzir o consumo em até 75%. Uma torneira que tem vazão de 400 ml por segundo passa a liberar 100 ml, por exemplo.

Essas peças podem ser compradas em lojas de material de construção. A Sabesp distribuirá 24 milhões de redutores às residências da Grande São Paulo, mas de um modelo que deve ser colocado entre a torneira e o cano que vem da parede.

Uma opção bem mais cara é instalar torneiras com sensor de presença, que fecha quando as mãos são retiradas. Esses modelos custam a partir de R$ 320. No shopping JK Iguatemi, as duas opções foram combinadas: há sensores de presença e redutores nas torneiras, que ejetam 20 ml/segundo. Cabe ao usuário saber a hora de parar.

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