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Tradução é chave para elevar qualidade de manuais técnicos

A qualidade da tradução dos manuais de carros, móveis importados e equipamentos tecnológicos é baixa e piorou nos últimos anos.

A opinião é do tradutor Márcio Sibanto, que ministra um módulo voltado apenas para tradução de manuais no curso de formação da Brasillis Idiomas, no Rio.

Isso porque muitas organizações passaram a optar pelas ferramentas automáticas, que cortam custos mas resultam em um material difícil de compreender.

"Há empresas que acham desnecessário gastar com um tradutor profissional", diz.

A indústria automobilística é uma das que investem em sistemas automatizados desde o início dos anos 2000 e só conta com os tradutores na hora de conferir o material e alimentar os computadores com novas palavras.

"Mas fazer uma boa tradução de um manual, por exemplo, é um diferencial que pesa na segurança dos clientes e no desempenho de seus produtos", diz Ricardo Souza, da Abrates (Associação Brasileira de Tradutores).

Para Souza, a qualidade desses materiais pode subir com a ajuda dos tradutores, que juntam o uso correto da terminologia técnica com um texto claro, daqueles que nem parecem ter sido traduzidos.

Rafael Roncato/Folhapress
As tradutoras Paula Ianelli (esq.) e Luiza Levy, na escola de idiomas Alumni, em SP
As tradutoras Paula Ianelli (esq.) e Luiza Levy, na escola de idiomas Alumni, em SP

E não vale pedir ao profissional uma "revisão" que exija refazer todo o material, como já aconteceu com a tradutora Luiza Levy, 35.

"Não daria para trabalhar sem o texto original ao lado, que precisava consultar sempre. Nesse tipo de material, você não pode deixar passar nenhum erro", conta.

A química Val Ivonica, 46, lida com um tema delicado. Especializada na área de saúde há 15 anos, ela traduz manuais de equipamentos hospitalares e de laboratórios, além de programas usados em exames médicos.

"Leio muitos textos em português e em inglês para entender, além da terminologia, o estilo desse tipo de texto e redigir tudo de forma mais clara", diz Ivonica.

Segundo a química, cada área tem um jeito diferente de escrever. "Erros podem causar um problema sério." Ivonica conta que tem um glossário com 7.000 termos específicos de seu setor.

Para encarar a concorrência de pessoas e de máquinas e entregar um material que seja correto e compreensível para seu leitor, o aspirante a tradutor precisa, além do conhecimento técnico, ter domínio do português e da língua estrangeira.

Um caminho é investir na graduação em letras com ênfase em tradução. "Quem tem outros diplomas deve entender que não basta conhecer o jargão, mas também as técnicas para traduzir", diz a doutora em estudos linguísticos e literários Alzira Allegro, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).

Uma opção para adquirir esse conhecimento é a especialização, via pós ou cursos de formação específicos da área, que variam de 15 a 24 meses.

Sai na frente o profissional que se interessa por assuntos diversos. "Trabalhamos com temas variados, por isso a pessoa tem que gostar muito de estudar e conhecer um pouco de tudo para se dar bem na carreira", diz Maria Luján, coordenadora dos cursos de formação de tradutores do Alumni.

INDICAÇÃO

Para evitar erros graves, o mercado de tradutores, que não é regulamentado por lei, se baseia muito em confiança e indicação. É uma forma de filtrar os bons tradutores, aponta Souza, da Abrates.

Por isso, além de estudar por conta própria, Ivonica procurou conhecer outros profissionais para entrar na rede de indicações do setor e estima que 90% de seus trabalhos venham daí.

Frequentar congressos ou grupos nas redes sociais pode ajudar. Isso porque 86% dos profissionais são autônomos -muitos trabalham em home office.

Nesses casos, é importante investir tempo para encontrar clientes e fazer reservas financeiras destinadas aos meses de movimento mais fraco, além de reinvestir parte dos rendimentos na própria capacitação.

"Além de cursos, congressos e infraestrutura, preciso pensar nos custos com as férias e o plano de saúde, por exemplo", diz a tradutora Paula Ianelli, 29, que elabora materiais nas áreas de tecnologia e games.

*

TRADUZINDO...

86%
dos tradutores são autônomos

R$ 2.500
é o salário inicial médio

29%
têm bacharelado em tradução

38%
têm pós-graduação na área

R$ 0,38
é o valor por palavra de uma tradução*

42%
trabalham em outras áreas para complementar a renda

*de acordo com a tabela do Sintra (Sindicato Nacional dos Tradutores) -iniciantes, em geral, conseguem metade deste valor
Fontes: Sintra, PUC e Abrates

ONDE ESTUDAR

GRADUAÇÃO EM LETRAS COM HABILITAÇÃO EM TRADUÇÃO (4 ANOS)
ONDE Unesp, em São José
do Rio Preto
QUANTO Gratuito
QUANDO Há vestibular duas vezes ao ano, no meio e no final do ano
SAIBA MAIS goo.gl/kVn3Uq

GRADUAÇÃO EM LETRAS: TRADUÇÃO (3 ANOS)
ONDE PUC-SP
QUANTO R$ 1.860 por mês
QUANDO Há vestibular duas vezes ao ano, no meio e no final do ano
SAIBA MAIS goo.gl/2g5m8X

PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DE INGLÊS OU ESPANHOL (18 MESES)
ONDE Estácio
QUANTO R$ 5.357, em até 24x
QUANDO Inscrições abertas para a turma que começa no final de maio
SAIBA MAIS goo.gl/zmxmC7

FORMAÇÃO DE TRADUTORES E INTÉRPRETES (2 ANOS)
ONDE Alumni
QUANTO Cinco parcelas de R$ 2.285,80
QUANDO A próxima turma
começa em agosto
SAIBA MAIS goo.gl/QfPciw

FORMAÇÃO DE TRADUTORES ONLINE (15 MESES)
ONDE Centro de ensino Brasillis
QUANTO R$ 550 por mês
QUANDO A próxima turma começa em 18 de abril
SAIBA MAIS goo.gl/ZaxL6s

FORMAÇÃO DE TRADUTORES (11 MESES)
ONDE Curso DBB de tradução
QUANTO R$ 480 por mês para inglês e R$ 420 para francês
QUANDO Pode ser iniciado a qualquer momento
SAIBA MAIS goo.gl/GiENGj

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