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Testes rastreiam vazamentos em casa e evitam obras desnecessárias

É preciso agir rápido para que um cano furado não se transforme em manchas na parede ou contas d'água exorbitantes. O problema é que boa parte dos vazamentos domésticos é invisível –tirando o pinga-pinga em chuveiros e torneiras–, o que dificulta a identificação.

Em prédios pode ser ainda pior do que em casas, porque muitos condomínios não têm hidrômetros individuais.

O técnico em hidráulica Plínio de Castro Protáfio, gerente da Roto Rooter, empresa de caça vazamentos, atendeu um edifício com infiltração no segundo andar.

A administração do prédio já tinha chamado um pedreiro, que quebrou as paredes dos apartamentos do terceiro e do quarto piso, mas não achou o foco do problema.

Depois de injetar gás carbônico na tubulação e escutar os ruídos dos canos com um aparelho próprio, ele encontrou o ponto exato. "Era um cano na cozinha de um imóvel do oitavo andar", diz.

Antes de chamar um serviço especializado, dá para fazer alguns testes que detectam os vazamentos (veja abaixo). Depois, é preciso recorrer a um especialista para identificar o local exato, o que evita que paredes sejam quebradas à toa.

Construções antigas estão mais sujeitas a vazamentos, principalmente aquelas com mais de 40 anos, quando ainda se utilizavam tubulações de ferro galvanizado, que oxidam com o tempo.

"Prédios desse tipo que ainda não trocaram encanamentos terão de fazer isso rápido, porque os vazamentos vão começar", diz Paulo Sérgio Carvalho, engenheiro civil e professor da PUC-SP.

Imóveis mais novos já utilizam tubos de PVC, que têm vida útil de até 60 anos. Antes disso, o que pode causar problemas são as conexões entre os canos, e aí o jeito é quebrar a parede e substituir as peças.

Os andares mais baixos são mais suscetíveis a vazamentos. A pressão da água, que vem do topo do edifício, chega com mais força, facilitando que ela escape.

DEFEITO DE FÁBRICA

Não são só os imóveis antigos que sofrem. O condomínio em que vive a representante de vendas Bruna Cunha Claro Paes, 31, em Campinas, foi entregue pela incorporadora em 2012. "Já alagou o térreo e estragou o piso de madeira dos apartamentos", diz. Os vazamentos também danificaram elevadores e esvaziaram a caixa d'água.

Segundo o engenheiro civil Eduardo Giansante, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, construtoras que usaram profissionais não especializados deixaram os prédios sujeitos a vazamentos. "Faltou mão de obra qualificada no boom da construção civil de quatro anos atrás", afirma.

Para não correr o risco, antes de comprar um imóvel vale consultar vizinhos e síndico sobre o assunto.

O BURACO É MAIS EMBAIXO

Como encontrar vazamentos em casa

Ilustração Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

1 - CAIXA D'ÁGUA
Passo 1: Feche a torneira da boia da caixa, que alimenta o reservatório. Feche também todas as torneiras da casa.
Passo 2: Marque o nível da água.
Passo 3: Espere algumas horas e veja se o nível baixou. Se isso aconteceu, houve vazamento.

2 - PAREDE
Se não choveu e a parede está úmida, é sinal de que há algo errado. Piso molhado sem razão aparente também indica vazamento, assim como azulejos e paredes ocas (basta bater com as mãos para ver se o barulho é diferente).

3 - CONTA DE ÁGUA
Fique de olho na variação do consumo. Se no mês anterior a conta foi de R$ 100 e no seguinte foi de R$ 250, é porque há escape de água. Veja contas de outros meses. O problema pode ser antigo e ter passado despercebido.

4 - VASO SANITÁRIO
Teste 1: Em caixas acopladas, coloque corante na caixa e observe se ele passa para a água do vaso. Se passar, há problema.
Teste 2: Deposite tabaco na água e veja se ele se movimenta ou se vai para o fundo da bacia. Se houver movimentação, a água está escapando.
Teste 3: Esvazie a cuba com a ajuda de um copo descartável e observe se o volume de água se altera. Se aumentar, há vazamento.

5 - RAMAL DE REDE
Passo 1: Feche o registro do cavalete, a conexão entre a casa e a concessionária de água.
Passo 2: Abra a torneira do jardim e espere a água parar de correr.
Passo 3: Coloque um copo cheio d'água na boca da torneira e veja se há sucção. Se sim, algum cano pode estar rompido.

6 - HIDRÔMETRO
Anote o consumo de água durante o mês. O visor apresenta o gasto em metros cúbicos desde a última medição (cada metro cúbico equivale a 1.000 litros de água). Em uma casa comum, cada morador gasta, em média, de 120 a 150 litros de água por dia. Se esse número estiver mais alto, pode ter algo errado.

CAÇA VAZAMENTOS

Empresas que realizam o serviço

ROTO ROOTER
Atende cidades em vários Estados, entre eles São Paulo e Rio. A localização do vazamento custa R$ 360; rotorooter.com.br

OSAKA
Caça vazamentos no Estado de São Paulo. Orçamento depois de avaliação; osaka.com.br

W-TEC
Atende na cidade de São Paulo. A localização e o conserto em casas custam R$ 450. Tel: (11) 3483-0848

HIGITEC
Caça em todo o Estado de São Paulo. Só dá o preço depois de avaliação; higitec.com.br

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CURSO NA SABESP ENSINA A ENCONTRAR FALHAS NO ENCANAMENTO

A Sabesp (companhia que faz o abastecimento de água no Estado de São Paulo) tem um curso gratuito para ensinar técnicas que ajudam a identificar vazamentos em casa.

As aulas duram quatro horas e acontecem pela manhã, até o final do ano, em diversos pontos da região metropolitana de São Paulo. No fim do curso, o aluno recebe uma cartilha e um certificado de conclusão.

"É comum recebermos pessoas que têm medo de serem enganadas", diz o engenheiro civil e sanitarista Ricardo Chanin, gerente do Programa de Uso Racional da Água da Sabesp. O objetivo é orientar o cliente na identificação do vazamento, "para que, quando ele chame o encanador, já saiba do que se trata".

Segundo a companhia, cerca de 900 pessoas fizeram o treinamento no ano passado.

Nas aulas, há estrutura para simular as instalações hidráulicas de um imóvel, com hidrômetro, caixa-d'água, vaso sanitário e torneiras. Depois de ouvir as explicações teóricas, os alunos fazem exercícios práticos.

Os próximos cursos vão acontecer nos bairros paulistanos de Vila Leopoldina, Ipiranga, Santana, Pirituba e nas cidades de Caieiras e Bragança Paulista. As inscrições podem ser feitas em qualquer unidade da Sabesp, pelos telefones 195 ou 0800-00119911 e no site da Sabesp.

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