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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwarstman

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Vivemos em tempos de internet e redes sociais, que favorecem enormemente os julgamentos morais sumários e os correspondentes cancelamentos. E o problema com julgamentos morais sumários é que eles podem ser, se não imorais, pelo menos bastante complicados. Quem mostra isso com riqueza de detalhes é o historiador holandês Ian Buruma em "The Collaborators".

Na ilustração de Annette Schwartsman, Yoshiko Kawashima veste um uniforme verde-oliva do exército imperial Manchukuo, estabelecido pelo império japonês na Manchúria entre 1932 e 1945. - Annette Schwartsman

O livro é essencialmente o perfil de três indivíduos que colaboraram com nazistas e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. São eles Felix Kersten, o massagista de Heinrich Himmler, Yoshiko Kawashima, a princesa chinesa que se converteu na "Mata Hari do Oriente", e Friedrich Weinreb, o judeu que fingia ajudar judeus mas os entregava para os nazistas. Eles não durariam segundos nas redes sociais de hoje, mas Buruma se propõe a analisar com cuidado seus atos e a situação em que se encontravam. E a conclusão que emerge é que, embora tenham feito coisas abomináveis, estão ainda longe do topo no ranking dos monstros.

Eles agiram como agiram devido a uma combinação de características psicológicas (os três eram fabulistas capazes de levar qualquer um, inclusive eles mesmos, na conversa) com a dura realidade daquele período, que impunha escolhas extremamente difíceis. Sim, eles fizeram opções que lhes trouxeram ganhos pessoais, mas é preciso lembrar que, dadas as circunstâncias, elas eram também as que asseguravam sua sobrevivência. E o fato de terem feito coisas imorais não os impediu de, em determinadas situações, ajudar quem precisava. Seres humanos são complicados.

Confesso que não conhecia nenhum dos três perfilados, embora não fossem figuras anônimas. Suas histórias impressionam. Kawashima, por exemplo, foi dada pelo pai a uma família japonesa, sofreu abusos psicológicos e sexuais, tornou-se espiã, era transgênero e entregou-se ao ópio. Também impressiona a densidade psicológica com a qual Buruma os retrata.

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