Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.
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A Holanda foi logo sapecando uma goleada nos campeões mundiais espanhóis como para antecipar que a passagem deles pelo Brasil seria rápida e inglória.
A Alemanha não deixou por menos e tratou de cortar as eventuais asinhas que Cristiano Ronaldo poderia querer abrir para cima deles. Goleou Portugal sem dó nem piedade.
Chegou então a vez de a França fazer da defesa suíça um queijo e aplicar-lhe um chocolate amargo, mas sofisticado.
O carnaval de gols em Salvador pareceu autorizar outros mais pelo país afora. Mas, cadê?
Carnaval é mesmo na Bahia porque nem o Mineirão nem o Castelão, palcos de embates muito mais desiguais entre argentinos e iranianos e entre alemães e ganeses, viram nada que se assemelhasse a uma chuva de gols, muito ao contrário, testemunharam dois suadores, dos platinos para derrotar os asiáticos e dos germânicos para empatar com os africanos. Mas, por quê?
A razão é óbvia: cachorros grandes têm egos ainda maiores e se enfrentam de peito aberto, cada um querendo derrotar o outro e sair latindo alto. Então vemos jogos francos, em que o respeito muitas vezes perde para a petulância.
Já quando Davi está diante do Golias, a tática é outra. Com humildade e a sabedoria de quem se sabe mais fraco, trata-se de, primeiramente, evitar a catástrofe para depois especular com um golpe bem dado e derrubar o gigante.
O Irã esteve muito perto disso contra Lionel Messi e companhia e acabou injustamente derrotado pela genialidade de La Pulga. E Gana só não derrubou o Reich porque ninguém vê o gol tão de perto numa Copa do Mundo como Klose.
Em resumo: esta agradabilíssima Copa está mais com cara de proporcionar goleadas nos clássicos que nos jogos em que se diz que o grande tem obrigação de vencer.
Porque estes jogos não existem mais.
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