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Com 12 anos de atraso, Florianópolis ganha contorno viário tecnológico

Estrada com 50 km de extensão é considerada a maior construção rodoviária em andamento no país e será inaugurada no próximo dia 9

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São Paulo

Com 12 anos de atraso, o contorno viário de Florianópolis está previsto para ser inaugurado no próximo dia 9 de agosto. A estrada, com 50 km de extensão, é apontada como a maior construção rodoviária em andamento no país.

A previsão é que a estrutura fique totalmente pronta no próximo dia 31, mas a via estará fechada para circulação de veículos até a cerimônia de inauguração —há a expectativa pela presença do presidente Lula (PT) no evento.

A ideia é que o contorno viário tire caminhões e veículos pesados que trafegam em um trecho praticamente urbano da BR-101 na Grande Florianópolis.

A expectativa da Prefeitura de Biguaçu, um dos quatro municípios catarinenses por onde passa o anel viário, é que o trânsito na BR-101 caia em 35% naquela região.

A nova pista deve reduzir de duas horas para aproximadamente 40 minutos o tempo no percurso entre as cidades de Palhoça e Tijucas —são estimados que entre 25 mil e 30 mil veículos circulem pelo contorno viário.

Com pista dupla nos dois sentidos, o anel viário conta com quatro túneis duplos, 14 pontes e 20 passagens em desnível.

A velocidade máxima na estrada será de 100 km/h. Ela foi construída sem aclives ou declives acentuados, e com curvas suaves para evitar a necessidade de reduções de velocidade, garantindo a característica de corredor expresso —em seus 50 km há apenas seis acessos por trevos.

Além dos caminhões, a nova via poderá encurtar o tempo de quem vai das regiões Centro-Oeste e Sudeste do país às praias do sul catarinense, como de Garopaba, ou para voltar de lá sem encarar o trânsito no entorno da capital catarinense.

Início e fim do contorno viário

Entradas e saída pela BR-101

  • Km 176 da pista sul

  • Km 218 da pista norte

A rodovia, planejada pelo governo federal no fim dos anos 1990, entrou no contrato de concessão do trecho da BR-101 entre Curitiba e em Santa Catarina, assinado pela Arteris em 2007. A obra só começou em 2012, ano em que estava prevista a inauguração. Segundo a empresa, o atraso aconteceu devido à complexidade do projeto.

André Bianchi, diretor-executivo de engenharia e obras da concessionária, afirma que do escopo original, quase tudo teve de ser refeito.

Pelo projeto inicial, o contorno teria 26 km, mas dobrou de tamanho pela impossibilidade de traçar a estrada em áreas urbanas. O trecho em Palhoça, por exemplo, foi transferido para uma região montanhosa com a necessidade de abertura de três túneis —o quarto fica entre os municípios de São José e Biguaçu.

O pedido de mudança no percurso foi protocolado pela Prefeitura de Palhoça ainda no início da obra, por causa de um conjunto habitacional popular no meio do caminho do traçado da futura rodovia.

"Foi preciso uma discussão regulatória para esses três túneis", afirma o executivo. "Isso gerou uma complexidade bastante grande, porque foi preciso conseguir outro tipo de licenciamento ambiental. Era outro tipo de obra."

Mudou o projeto e também o preço. De acordo com a concessionária (que não informou o valor inicial do contrato para o contorno viário ao ser questionada), dos R$ 3,9 bilhões de custo final da obra, pelo menos R$ 1 bilhão foram extras para a construção dos túneis estavam fora do planejamento.

Funcionários na finalização das obras em trevo de intercessão com a BR-101; novo anel viário deve ficar pronto no próximo dia 31 de julho - Folhapress

Em 2020, o TCU (Tribunal de Contas da União) analisou possíveis irregularidades em um aditivo no contrato de concessão para investimentos no anel viário e determinou a redução R$ 136 milhões do que era pedido (R$ 166,5 milhões em valores corrigidos).

A obra também precisou de autorização da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). No seu entorno há dez comunidades guarani, sendo que uma delas, em Biguaçu, fica dentro da área entre a nova rodovia e a BR-101.

De acordo com Bianchi, houve contrapartida para essas comunidades indígenas, como investimentos estruturais e ambientais e implantação de internet.

Outra dificuldade foi a substituição de solo em áreas alagadas para evitar que o asfalto afunde com o tempo.

Os túneis, afirma a concessionária, são tecnológicos. Chamados de ITS (Intelligent Transportation Systems), o sistema instalado neles alerta em tempo real a central de operação da concessionária se um veículo quebra ou se há congestionamento lá dentro.

No interior dos quatro túneis também há detectores de incêndio que acionam ventiladores para mandar a fumaça para fora. Uma cancela fecha a entrada ao local automaticamente se isso acontecer para barrar a entrada de veículos.

A obra tem números impressionantes. Neste tempo de construção, entre outros, foram mais de 1 milhão de viagens de caminhões para transporte de materiais. Ao todo serão 44 radares de velocidade nos dois sentidos.

A estrada é limpa, Não há postos de combustíveis nos seus 50 km e a via também não conta com posto da Polícia Rodoviária Federal. Apenas nos últimos dias começou-se a discutir a implantação de um local para os agentes.

Questionada como será o policiamento do contorno viário, a PRF não respondeu até a publicação desta reportagem.

Também não está prevista a implantação de pedágio —a cobrança é feita na BR-101 em Palhoça, próximo do contorno viário, e a tarifa para automóveis custa R$ 5,20.

Municípios que ficam no caminho da via se prepararam para mudanças urbanísticas. A Prefeitura de Biguaçu diz que a estrada abrirá uma nova janela de ocupação e ordenamento territorial, tema que está em discussão com a revisão do Plano Diretor Participativo, em tramitação na Câmara Municipal.

A Prefeitura de São José diz que enviou um projeto para o Legislativo que prevê a criação de uma faixa não edificável de 300 metros de cada lado da rodovia para evitar ocupação desordenada do local até que seja aprovado um novo Plano Diretor para a região.

"O Executivo municipal aguarda que o governo federal e a concessionária atuem para ampliação da capacidade de tráfego no trecho da BR-101 que corta a cidade e atualmente se encontra estrangulado", diz a administração de São José, em nota.

Contorno viário de Florianópolis em números

  • 68.000 m² construídos de tabuleiros de obras de artes especiais
  • 18 milhões de m³ de movimentação de terra
  • 3 milhões de metros de geodreno
  • 667 vigas pré-moldadas
  • 188 mil m³ de concreto
  • 50.000 metros de fundações cravadas
  • 470 toneladas de concreto asfáltico
  • Para os túneis foram mais de 1 milhão de m³ escavados em solo e rocha e instalados 90 mil m² de pavimento rígido
  • Mais de 1 milhão de viagens de caminhões para transporte de materiais

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