Oficinas educativas transformam festinhas e diversificam os negócios
Eventos corporativos, hotéis e condomínios são filão explorado por empresas de lazer infantil
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
Crianças pulando ao som de música alta com o animador aos berros no comando das atividades se tornam coisas do passado.
As famílias têm procurado incluir atividades criativas nas festas infantis, que ganham oficinas de culinária e pintura. Essa demanda se transforma em um novo mercado.
Ao oferecer atividades e serviços que vão além de luzes e alto-falantes potentes, as empresas do setor se abrem para parcerias lucrativas, sem os limites dos salões de festa.
“Shoppings são um dos principais clientes, e outra frente são os eventos de empresas, para filhos dos funcionários. Também trabalhamos em casas de clientes que vão fazer reuniões para adultos e precisam de um conteúdo especial para aquele dia”, afirma Priscilla Credidio, 47, proprietária da Start Arte.
A empresa, fundada em 2011, já tem dois espaços em São Paulo: no bairro de Pinheiros e no Shopping Villa Lobos, zona oeste da capital, esse último aberto com investimento de R$ 700 mil e que já registra faturamento de R$ 55 mil por mês.
Além dos estabelecimentos, a Start Arte desenvolve oficinas e atividades para crianças em hotéis e condomínios.
A Oficina na Festa também tem parcerias: com a Kiko, empresa de festas infantis, e o Jockey Club de São Paulo. Faz, em média, quatro oficinas por semana. Em geral, pelo menos uma destas é para clientes corporativos.
“As empresas têm investido em datas específicas, como Dia dos Pais e fim de ano. Muitas fazem eventos uma vez por mês para divulgar suas marcas”, diz Monica Marques, 41, dona da Oficina na Festa, que registrou crescimento de 60% em 2017.
Inaugurada em 2014, a Fábrica de Oficinas ampliou o alcance. Antes tinha uma média de quatro a seis eventos por mês, mas hoje faz 16 no mesmo período. Parte é comprada por empresas, que hoje representam 35% de sua carteira de clientes.
A diversificação do negócio ajudou a garantir um crescimento de 15% em 2017, com faturamento de R$ 80 mil.
“As festas ainda respondem pela maior parcela do faturamento, mas há uma busca crescente das empresas, que usam ações do tipo como marketing”, diz a sócia Andrea Marques, 46.
A pedagoga Mariana Pereira, 43, sócia da Panos pra Manga, do Rio, também investe nas parcerias com outras empresas para realizar oficinas com bebês, encontros em praças e eventos gratuitos.
“A demanda do corporativo vem aumentando aos poucos, mas a de pessoas físicas diminuiu com a crise. Por isso, precisamos unir forças durante essa retração”, afirma Mariana.
Para o consultor do Sebrae-SP Adriano Augusto Campos, parcerias e clientes corporativos são fundamentais nessa nova fase dos negócios voltados para crianças.
“Quando a empresa é pequena, juntar-se com outras talvez seja um dos melhores jeitos de aparecer. Os eventos corporativos, que levam as crianças ao trabalho dos pais, são uma alternativa”, diz.
Lidar com crianças e bebês, contudo, requer cuidado extra. Mão de obra qualificada, por exemplo, é um dos desafios do setor.
Afinal, são profissionais que vão lidar com os pequenos e queixas dos pais podem prejudicar a imagem da empresa.
A Start Arte tem 15 profissionais, as “arte-educadoras”, além de dez colaboradores.
Já a Fábrica de Oficinas trabalha com três monitoras fixas e contrata outras de acordo com sua demanda.
Andrea Marques, da Fábrica de Oficinas, transformou a falta de treinamento em uma nova frente de negócios. Segundo ela, esse mercado é carente de profissionais.
Marques desenvolve cursos e workshops para qualificar monitores e presta consultoria sobre como organizar um evento infantil.
Além disso, é preciso investir em novas oficinas e atividades que prendam a atenção do público infantil.
“A criança hoje aprende coisas novas o tempo todo, em casa ou na escola. Vivemos a era de crianças superestimuladas e se a empresa fizer o mais do mesmo a criança vai deixar a atividade”, diz Campos, do Sebrae.
“É preciso escutar muito para se adequar à demanda do cliente sem perder a identidade do trabalho”, diz Mariana, da Panos pra Manga.
Primeiros passos em eventos para crianças
Investimento inicial
Entre R$ 15 mil e R$ 50 mil, com retorno a partir de um ano
Mão de obra
No início, é importante ter dois monitores fixos e dez profissionais que possam ser chamados para eventos ou em dias de alto movimento
Atividades
Oficinas de culinária, pintura, massinha, jardinagem e quadrinhos estão em alta
Possíveis parceiros
Casas de festas, shoppings, bufês, centros culturais, hotéis e condomínios
Fonte: Sebrae-SP