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Oficinas educativas transformam festinhas e diversificam os negócios

Eventos corporativos, hotéis e condomínios são filão explorado por empresas de lazer infantil

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FERNANDO MIRAGAYA
Rio de Janeiro

Crianças pulando ao som de música alta com o animador aos berros no comando das atividades se tornam coisas do passado.

As famílias têm procurado incluir atividades criativas nas festas infantis, que ganham oficinas de culinária e pintura. Essa demanda se transforma em um novo mercado.

Ao oferecer atividades e serviços que vão além de luzes e alto-falantes potentes, as empresas do setor se abrem para parcerias lucrativas, sem os limites dos salões de festa.

“Shoppings são um dos principais clientes, e outra frente são os eventos de empresas, para filhos dos funcionários. Também trabalhamos em casas de clientes que vão fazer reuniões para adultos e precisam de um conteúdo especial para aquele dia”, afirma Priscilla Credidio, 47, proprietária da Start Arte.

A empresa, fundada em 2011, já tem dois espaços em São Paulo: no bairro de Pinheiros e no Shopping Villa Lobos, zona oeste da capital, esse último aberto com investimento de R$ 700 mil e que já registra faturamento de R$ 55 mil por mês.

Além dos estabelecimentos, a Start Arte desenvolve oficinas e atividades para crianças em hotéis e condomínios.

A Oficina na Festa também tem parcerias: com a Kiko, empresa de festas infantis, e o Jockey Club de São Paulo. Faz, em média, quatro oficinas por semana. Em geral, pelo menos uma destas é para clientes corporativos.

“As empresas têm investido em datas específicas, como Dia dos Pais e fim de ano. Muitas fazem eventos uma vez por mês para divulgar suas marcas”, diz Monica Marques, 41, dona da Oficina na Festa, que registrou crescimento de 60% em 2017.

Inaugurada em 2014, a Fábrica de Oficinas ampliou o alcance. Antes tinha uma média de quatro a seis eventos por mês, mas hoje faz 16 no mesmo período. Parte é comprada por empresas, que hoje representam 35% de sua carteira de clientes.

Francisco, 1, brinca durante dia de animação da Panos pra Manga em playground no Jardim Botânico, no Rio - Zo Guimaraes /Folhapress

A diversificação do negócio ajudou a garantir um crescimento de 15% em 2017, com faturamento de R$ 80 mil.

“As festas ainda respondem pela maior parcela do faturamento, mas há uma busca crescente das empresas, que usam ações do tipo como marketing”, diz a sócia Andrea Marques, 46.

A pedagoga Mariana Pereira, 43, sócia da Panos pra Manga, do Rio, também investe nas parcerias com outras empresas para realizar oficinas com bebês, encontros em praças e eventos gratuitos.

“A demanda do corporativo vem aumentando aos poucos, mas a de pessoas físicas diminuiu com a crise. Por isso, precisamos unir forças durante essa retração”, afirma Mariana.

Para o consultor do Sebrae-SP Adriano Augusto Campos, parcerias e clientes corporativos são fundamentais nessa nova fase dos negócios voltados para crianças.

“Quando a empresa é pequena, juntar-se com outras talvez seja um dos melhores jeitos de aparecer. Os eventos corporativos, que levam as crianças ao trabalho dos pais, são uma alternativa”, diz.

Lidar com crianças e bebês, contudo, requer cuidado extra. Mão de obra qualificada, por exemplo, é um dos desafios do setor. 

Afinal, são profissionais que vão lidar com os pequenos e queixas dos pais podem prejudicar a imagem da empresa.

A Start Arte tem 15 profissionais, as “arte-educadoras”, além de dez colaboradores. 

 

Já a Fábrica de Oficinas trabalha com três monitoras fixas e contrata outras de acordo com sua demanda.

Andrea Marques, da Fábrica de Oficinas, transformou a falta de treinamento em uma nova frente de negócios. Segundo ela, esse mercado é carente de profissionais.

Marques desenvolve cursos e workshops para qualificar monitores e presta consultoria sobre como organizar um evento infantil.

Além disso, é preciso investir em novas oficinas e atividades que prendam a atenção do público infantil.

“A criança hoje aprende coisas novas o tempo todo, em casa ou na escola. Vivemos a era de crianças superestimuladas e se a empresa fizer o mais do mesmo a criança vai deixar a atividade”, diz Campos, do Sebrae.

“É preciso escutar muito para se adequar à demanda do cliente sem perder a identidade do trabalho”, diz Mariana, da Panos pra Manga.

 

Primeiros passos em eventos para crianças

Investimento inicial 
Entre R$ 15 mil e R$ 50 mil, com retorno a partir de um ano

Mão de obra 
No início, é importante ter dois monitores fixos e dez profissionais que possam ser chamados para eventos ou em dias de alto movimento

Atividades
Oficinas de culinária, pintura, massinha, jardinagem e quadrinhos estão em alta

Possíveis parceiros 
Casas de festas, shoppings, bufês, centros culturais, hotéis e condomínios

Fonte: Sebrae-SP

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