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Falta informação sobre interferência do BC dos EUA no mercado bancário

Nosso entendimento é que estes fatos trazem ainda mais incerteza para os mercados de risco

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Daniel Passos Miraglia Roberto Dumas

Está previsto para esta segunda (23) o início de um ciclo de injeção diária de recursos no mercado interbancário americano pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Isso ocorre após o Fed ter colocado US$ 200 bilhões (R$ 833 bi) neste mercado na semana passada.

Aparentemente não se trata de falta de liquidez por causa de pagamento de impostos pelas empresas e nem de maior oferta de títulos públicos, apesar destes fatores contribuírem no curto prazo, como sugerido inicialmente. 

Donald Trump durante visita à Austrália; está previsto para esta segunda (23) o início de um ciclo de injeção diária de recursos no mercado interbancário americano pelo Fed - Jonathan Ernst/Reuters

Pode-se, com uma certa cautela, afirmar que devem existir alguns bancos que não estão conseguindo cobrir seus patrimônios líquidos em testes de stress. 

Estamos levantando esta hipótese pois a volatilidade do mercado de renda fixa americano, em especial dos títulos de dez anos ou mais, subiu muito em 2019, especialmente em setembro. 

Quanto maior a volatilidade dos ativos a que os bancos estão expostos (como crédito corporativo e títulos do governo), a regulamentação bancária exige que mais capital será necessário para suportar uma possível perda.

Se a perda esperada aumenta, bancos terão de alocar mais capital em seus balanços ou emprestar menos.

Algumas conclusões sobre este movimento do Fed

  1. O Fed parece estar assumindo que não se trata de uma questão pontual;

  2. O Fed entendeu que leilões dia a dia teriam demanda maior que a oferta;

  3. Tal movimento já fica bem parecido com o quarto afrouxamento monetário desde 2008

  4. Repos [juros interbancários] devem seguir pressionados até o final do ano e podem eventualmente bater no mercado de crédito, causando um impacto extremamente sério na economia dos EUA e do mundo;

  5. Continuamos tendo muito pouca informação sobre o porquê desse movimento. O Fed não informa, sabiamente, quem está tomando mais repo para evitar uma corrida bancária. O fato é que tal movimento não ocorria desde 2008.

Nosso entendimento é que estes fatos trazem ainda mais incerteza para os mercados de risco. Recomendamos cautela e um estudo aprofundado do impacto de cenários mais estressados em seus negócios e portfólios.

Daniel Passos Miraglia

Mestre em Finanças pela Business School São Paulo e pela Fundação EOI da Espanha

Roberto Dumas

Professor do Insper

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