Canadá chama violência de gênero de epidemia após caso de triplo feminicídio
Caso ocorreu em 2015, e júri que condenou assassino entregou 86 recomendações para reformas sobre assunto no país
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O Canadá nomeou a violência de gênero como uma "epidemia" que "não tem lugar" no país, em carta que representa a primeira resposta do governo a recomendações para reformar a abordagem sobre o assunto.
Produzidas há cerca de um ano, as 86 orientações foram entregues pelo júri que condenou Basil Borutski pelo triplo feminicídio de Carol Culleton, Anastasia Kuzyk e Nathalie Warmerdam, cometidos numa mesma manhã de 2015.
"Acolho as recomendações do júri e concordo que é preciso fazer mais para proteger [mulheres] de violência íntima cometida por parceiros", escreveu o ministro da Justiça canadense, Arif Virani, na carta de seis páginas, à qual o jornal britânico The Guardian teve acesso.
O documento também indica que o governo federal vai buscar a criminalização do chamado controle coercitivo, forma de violência doméstica com o objetivo de isolar, intimidade e controlar vítimas.
Em junho do ano passado, o governo da província de Ontario, onde o triplo feminicídio ocorreu, rejeitou várias das sugestões do júri —uma delas era justamente nomear a violência de gênero como uma epidemia. Na justificativa, a gestão afirmou que o termo só poderia ser utilizado para se referir a doenças infecciosas, embora chamasse a crise de opioides de epidemia.
Entre as recomendações estavam o reconhecimento de que a epidemia necessita de "investimento financeiro significativo" e mudanças sistêmicas na abordagem da questão. Além disso, o júri propôs que o termo "feminicídio" fosse listado como causa mortis e incluído no código criminal do Canadá.
A carta do governo federal faz referência a um relatório de 3.000 páginas produzido por uma comissão e entregue em março que também fez recomendações para a prevenção da violência ao analisar uma chacina na província de Nova Escócia, em 2020 —foi o maior ataque a tiros do país e deixou 22 mortos. A mulher do autor do massacre afirmou depois do atentado que o homem era abusivo e a agredia.
"É muito positivo ver a gestão federal fazer essa conexão e apoiar o relatório", afirmou Pamela Cross, diretora de um centro de apoio para mulheres que sofreram abuso no Canadá, ao Guardian. "O relatório era o melhor do que já havia sido escrito sobre violência de gênero no país."
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