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Podcast destrincha como aliança entre Rússia e China se contrapõe ao Ocidente

Centro de estudos chega à conclusão de que países podem sobreviver ignorando blocos militares como a Otan

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São Paulo

A Rússia está diplomaticamente isolada desde fevereiro de 2022, quando invadiu a Ucrânia. A China, apesar de seu dinamismo comercial, não se dá bem com os Estados Unidos e torce o nariz para os aliados americanos na Ásia. Pois, então, russos e chineses viraram bons aliados.

A relação entre os dois países foi abordada em recente podcast da Brookings Institution. O centro americano de estudos discorre sobre a teia de interesses que aproxima os regimes de Vladimir Putin e Xi Jinping. E chega à conclusão de que podem sobreviver ignorando blocos militares como a Otan –a aliança ocidental que une americanos a europeus.

Vladimir Putin cumprimenta Xi Jinping durante encontro dos líderes em Pequim - Serguei Guneiev/Sputnik/AFP

Angela Stent é, entre outras coisas, especialista em Eurásia na Universidade de Georgetown. Ela notou que, ao se encontrarem em maio, em Pequim, os dois líderes reiteraram uma aliança que se contrapõe à ordem internacional baseada no Ocidente. Eles evitaram, no entanto, empregar a expressão "aliança ilimitada" que usaram em outro encontro ocorrido logo depois da invasão da Ucrânia.

Mas isso não significa que os dois países estejam menos cúmplices em suas afinidades.

A Rússia importa da China componentes essenciais para sua indústria bélica, como microprocessadores, embora não se tenha notícia de que armas estejam na pauta bilateral. Além disso, a China duplicou o volume de seu comércio com Moscou e fez de tudo para manter o aliado fora do isolamento diplomático em organismos multilaterais, como nas Nações Unidas.

Sem a China, o Kremlin não teria as mesmas condições para se manter nesta guerra. Isoladamente, perderia parte de sua energia nos campos militares, econômicos e diplomáticos.

Outro participante do podcast foi Yun Sun, diretor do programa sobre a China do Centro Stimson. Ele afirma que existem três vínculos que mantêm o regime de Pequim na esfera estratégica dos grandes interesses russos.

O primeiro é o campo diplomático, com os dois governos se sustentando mutuamente nas esferas internacionais de negociações. Em seguida, a China adota com relação à Guerra da Ucrânia uma posição favorável à Rússia, embora não o faça explicitamente.

Em terceiro lugar há as compras do petróleo. O óleo cru que Moscou vendeu a Pequim cresceu 25% em volume no ano passado, de tal modo que os chineses deixaram de importar 20% do combustível que antes recebiam da Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, os chineses compensaram parte das exportações do combustível que os russos deixaram de vender em razão dos embargos devido à guerra.

Do lado chinês, há um jogo diplomático que funciona apenas em parte, porque nem todos os envolvidos dão a ele o crédito necessário. Trata-se do esforço de Pequim de levar os europeus a acreditar que há, por parte da China, neutralidade suficiente para convencer os russos a cessarem o conflito da Ucrânia.

Diante do jogo internacional de alianças e das afinidades entre Rússia e China, os chineses sabem perfeitamente que, com a Guerra da Ucrânia, para os europeus Pequim está do lado errado da disputa.

A China é o segundo maior fornecedor de bens à União Europeia, como 40% dos automóveis elétricos vendidos no ano passado. Ao mesmo tempo, Pequim opera com dois pontos que não pretende ultrapassar: a venda de armas de combate aos russos e a participação na construção de um gasoduto na Sibéria, velho projeto que Moscou acalenta.

Angela Stent nota uma curiosidade. Em seus tempos soviéticos, a Rússia era europeia, e ponto final. Depois da Ucrânia, ela se isolou de tal forma que foi buscar aliados na Ásia e se tornou um pouco mais oriental. É o que ocorre com o Vietnã, hoje parceiro comercial e país próximo do Kremlin. Ou então a Coreia do Norte, que estaria fornecendo munições compatíveis com o armamento russo utilizado na Ucrânia.

Essa forma de cooperação data, para os russos, desde os tempos do comunismo (antes de 1991). Vem também do mesmo período os circuitos de auxílio do Kremlin a seus companheiros de socialismo em Pequim.

Tais circuitos seguem ativados. A mesma tecnologia que permitiu à Rússia excelente posição na astronáutica também permitiu a microeletrônica necessária para exportar armas sofisticadas aos chineses. Em via paralela também foram vendidos reatores atômicos para uso civil e satélites com finalidades científicas.

"The dynamics of the Russia-China partnership"

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