Siga a folha

Empatia entre médico e paciente com câncer é primordial durante o tratamento

Em seminário, palestrantes defendem que vínculo é necessário para tornar o enfrentamento da doença mais efetivo

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

A relação solidária entre paciente e médico é fundamental no tratamento do câncer, concluíram debatedores no seminário "Medicina de Precisão contra o Câncer", realizado pela Folha nesta quinta-feira (29), em São Paulo.

Segundo a psicóloga Márcia Stephan, há pouco tempo não se pensava em dar voz ao paciente. “Isso era visto como uma espécie de heresia”, disse.

Susana Naspolini (esq.), jornalista e escritora, Marcia Stephan, psico-oncologista, Juvenal Filho, oncologista na clinica OncoCamp e a jornalista da Folha Beatriz Peres - Reinaldo Canato/Folhapress

Para a jornalista Susana Naspolini, que já passou por quatro incidências de câncer, a relação de cumplicidade entre médico e paciente tem extrema importância no tratamento. “Cada vez mais eu percebo a diferença que faz você estar diante de um médico que te olha e não enxerga um câncer.”

Segundo Naspolini, a postura de superioridade e, muitas vezes, de distância que alguns médicos têm acaba intimidando o paciente, que sente vergonha de perguntar e fica mais angustiado. 

Márcia, que também foi paciente de câncer (já teve cinco melanomas), afirmou que é necessário dar  abertura para o doente falar. “Senti em mim a dificuldade de falar sobre os medos que eu sentia. Precisava de alguém que me entendesse.”

A conduta do médico na hora de transmitir as notícias sobre o andamento do tratamento também foi questionada durante o debate. Para a psicóloga, depende do perfil do paciente: há os interessados em saber todos os detalhes e os que preferem receber apenas as instruções sobre o que fazer.

De qualquer modo, ela aconselha que se evite o bombardeio de informações. “Quando a pessoa vai a um profissional, ela quer uma parceria e não uma enciclopédia.”

Juvenal Filho, oncologista clínico há 40 anos, disse que busca cada vez mais uma relação humanizada entre médico e paciente na clínica em que trabalha em Campinas (SP).

O médico conhece a doença pelos dois lados. Sua filha teve um diagnóstico de leucemia linfoide aguda aos 9 anos. A menina se curou e enfrentou outro tipo de câncer, raro, anos mais tarde. “Aprendi muito nesses processos.”

Susana contou que sentiu medo a cada diagnóstico positivo que recebeu, mas que é importante não se deixar imobilizar. “O medo de fazer exame é legítimo, mas precisa ser enfrentado, porque, quando mais cedo a doença for detectada, melhor.” 

Para Márcia, especializada em atender pacientes com a doença, "a pessoa adoece exatamente do jeito que ela é". "Ela enfrentará a doença do jeito que costumava enfrentar as outras coisas da vida”.  

Após o quarto diagnóstico de câncer, Naspolini decidiu escrever um livro para contar sua experiência: "Eu Escolho Ser Feliz" (ed. Agir, R$ 29,90, 160 págs), lançado neste ano. “Esse fantasma do câncer vai me acompanhar pelo resto da vida. É um exercício que a gente tem de fazer, de não entrar na neura da doença e achar que tudo na nossa vida é câncer”, concluiu.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas