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Proposta
de Covas contraria combate à violência
Cristina
Mori
Equipe GD
O editorial
da Folha de S.Paulo desta quinta-feira aponta o equívoco
da proposta de governo de Estado em reduzir o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
de armas de fogo e bebidas alcoólicas, entre outros
50 produtos considerados supérfluos.
A medida,
se aprovada pela Assembléia Legislativa, estará
na contramão do que especialistas e o próprio
governo federal apresentam como soluções para
a questão da violência.
Diversos
estudos internacionais mostram que impostos menores levam
a um aumento no consumo dos produtos, argumenta a Folha de
S.Paulo.
Segundo
o governador Mário Covas, os itens em questão
estariam sobretaxados, o que provoca aumento de sonegação
e, portanto, diminuição da arrecadação.
Mas é
uma proposta politicamente irresponsável, já
que armas e álcool são comprovadamente elementos
catapultores da violência.
Leia
mais:
- Como
não ser enganado pelo presidente (Gilberto Dimenstein)
- Dossiê
auxilia na análise da violência urbana
- Incentivo à violência
(Folha de S.Paulo)
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Incentivo
à violência
O governo
do Estado de São Paulo enviou à Assembléia
Legislativa um projeto de lei que reduz de 25% para 18% a
alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços) de diversos produtos, entre
eles armas de fogo e bebidas alcoólicas. A medida vai
na contramão de tudo o que dizem especialistas -e também
o próprio governo federal- que buscam soluções
para a questão da violência.
Além disso, tem impacto bastante negativo sobre a saúde
pública, mais especificamente sobre o alcoolismo. A
correlação entre diminuição de
imposto e aumento do consumo está bem estabelecida
em diversos estudos internacionais. Outros dos 50 produtos
que teriam a alíquota reduzida são: motocicletas
de alta cilindrada, esquis aquáticos, asas-deltas,
dirigíveis, embarcações de esportes e
recreio, cosméticos, tacos e bolas de golfe e cartas
de baralho.
O governador Mário Covas procura justificar a iniciativa
dizendo que se trata de um problema técnico. Os itens
em questão estariam sobretaxados, o que provoca o aumento
de sonegação e, consequentemente, a diminuição
da arrecadação.
Independentemente de questões técnicas, que
no caso nem são consensuais, a proposta é politicamente
das mais inoportunas. Consegue, a um só tempo, opor-se
aos esforços para combater a violência e o alcoolismo
e ainda carrega boa dose de injustiça social, ao reduzir
a carga de tributos sobre produtos consumidos pela fatia mais
rica da população. Nos países desenvolvidos,
a tendência tem sido taxar cada vez mais pesadamente
itens supérfluos e com potencial de dano para a saúde,
como bebidas alcoólicas.
Covas não é nenhum neófito na administração
pública e sabe que as iniciativas de um governador
são em boa medida políticas. E comandar um Estado
como São Paulo vai muito além de decidir sobre
questões técnicas. É preciso aliar a
competência específica à sensibilidade
política que, neste episódio, faltou a Mário
Covas.
(Folha
de S.Paulo - Editorial)
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