Rodrigo Zavala
Especial para o GD
Há exatamente um ano, com uma
contundente falta de tato e bestial espontaneidade, o deputado
federal Elimar Damasceno (Prona-SP) apresentou na Câmara
projeto de lei que proíbe o beijo homossexual em público,
sob pena de multa ou prisão. O político, em
um rompante nada sutil chegou a dizer até que “não
é contra os homossexuais, mas sim contra o homossexualismo”.
Neste ano, um outro destempero é
ouvido no Rio de Janeiro, agora, na voz do deputado estadual
Edino Fonseca (PSC). Ele simplesmente quer que o Estado do
Rio de Janeiro - sim, esse mesmo, o que não consegue
lidar com a criminalidade ou sequer evitar os roubos das placas
de trânsito – financie um programa de reabilitação
de homossexuais. Isto é, que faça os gays retornarem
ao heterossexualismo – ou, “ao normal”,
como julga o deputado evangélico.
O maior problema é que o projeto,
uma completa e desnecessária bobagem, foi aprovado
pelas comissões de Saúde, Constituição
e Justiça e Contra o Preconceito. E foi aceito com
o argumento de que homens e mulheres que querem deixar de
ser homossexuais são discriminados por seus antigos
companheiros. Pode? Claro que pode, o que falta no Brasil
não é criatividade, mas bom senso.
Você, leitor ou leitora, pode
não achar nenhum absurdo em tudo isso. Agora, imagine
a cena: você conhece alguém que te revela, “antes
eu era gay, mas com o programa do Edino, não sou mais”.
Se isso não é desconcertante, eu não
sei para que inventaram essa palavra!
Outra curiosidade que ninguém
revela é como seria esse tratamento. O cara gosta de
“petit gateau”? Eletrochoque nele. Ela gosta de
usar o cabelo curto e tem voz grossa? Terapia em grupo. Um
desatino desses leva a todo o tipo de brincadeiras de mau
gosto, como essas.
O pessoal do grupo carioca Arco
Íris de Conscientização Homossexual já
está a postos nas escadarias da Assembléia Legislativa
do Rio para tentar impedir que a sandice se mantenha. A proposta
será votada amanhã pelos deputados, e todo mundo
quer ver a cara dos que votarem positivamente.
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