Cristina Veiga
Especial para o GD
É quase impossível imaginar
alguém com mais de 40 anos defendendo a criação
de um conselho federal de jornalismo. A razão é
muito simples: trata-se de alguém que sabe o que é
censura porque viveu na época do governo militar. Os
mais afoitos dirão que a proposta do governo Luiz Inácio
Lula da Silva quer apenas evitar o “denuncismo”.
Mas será que, o que governo petista está querendo
não é calar a imprensa?
Quem ocupa um cargo público,
como bem diz o nome, torna-se uma pessoa pública. Está
sujeito a denúncias, a ataques e a defesas. É
obrigação do homem público dar explicações.
E quantas vezes forem necessárias. Quem ocupa um cargo
no Executivo ou no Legislativo está ali por vontade
popular e é ao povo que deve se explicar. Quem não
quiser se submeter a isto, que não ocupe cargos públicos.
Cabe a imprensa fiscalizar e denunciar.
A imprensa também erra. É verdade. Mas na imensa
maioria das vezes acerta. E, só por causa dela, foi
possível pôr e depois tirar Fernando Collor de
Mello do Palácio do Planalto.
É impressionante assistir um
partido que nasceu no seio do movimento sindical, que lutou
contra a ditadura, que sofreu nas mãos dos militares,
querer agora controlar a imprensa. Será que o PT acha
que vai se eternizar no poder? Só quem acredita que
ficará sempre de um mesmo lado pode defender restrições
ao jornalismo.
O mais assustador é chegar
ao ponto de ter que dar razão a alguém que esteve
ao lado dos militares. Mas não há como deixar
de endossar as palavras do presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), que disse: “Como presidente do Congresso
digo que a liberdade de imprensa deve ser respeitada sempre.
Excessos todos cometemos.”
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