HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS

Envie sua opinião


GD- Jornalismo Comunitário

mais são paulo

Guia de banheiros ajuda paulistano a driblar aperto


Jornalismo Comunitário - Site GD

carta cbn

"Quero levantar a minha indignação quando você fala que tem empregos bons no Brasil. É mentira!"
Ivair Cypriano

"A educação avança a que custo."
Von Norden



 

 

COMUNIDADE
17/12/2004
Brasil tem mais obesos do que desnutridos, diz IBGE

 

No mais completo levantamento sobre o consumo de alimentos e o peso da população já feito no Brasil, o IBGE constatou que, pelo menos entre os adultos, a desnutrição não está entre as principais mazelas do país. Dos 95,5 milhões de brasileiros com 20 anos ou mais, apenas 4% têm déficit de peso, numa incidência considerada normal pelos especialistas, já que há pessoas naturalmente magras.

Mas os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) apresentados ontem acenderam o alerta para outro problema na saúde dos brasileiros: a obesidade vem crescendo a um ritmo preocupante, sobretudo entre os homens. Ao todo, 38,5 milhões de brasileiros estão acima do peso, o que representa 40,6% da população de adultos, e, destes, 10,5 milhões, ou 11%, são obesos.

"A existência de um número razoável de subnutridos não significa dizer que não há fome. Continuamos a observar uma forte relação entre padrão de consumo e a renda. A pobreza não se manifesta necessariamente na fome, mas em aspectos de desigualdade social", disse o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, ao apresentar a pesquisa.

Especialistas esclarecem que a desnutrição é diferente da percepção de fome, e que as famílias mais pobres não têm renda suficiente para comprar a quantidade de alimentos necessária a uma dieta saudável, complementando sua dieta de maneira irregular. Mas a obesidade não faz distinção de renda: 12,7% das pessoas que ganhavam, em 2002, entre R$ 50 e cem reais eram obesos. Entre os que recebiam acima de mil reais, o percentual de obesos era de 11,7%.

Índice de países ricos
Os dados mostram realidades distintas no Brasil: fome e desnutrição em bolsões de miséria (8,5% das mulheres com renda mensal de até R$ 50 têm déficit de peso) e um percentual de obesidade que aproxima o país das nações ricas. Nos EUA, por exemplo, 70% da população estão acima do peso, enquanto 30% são obesos.

"Saímos da desnutrição direto para a obesidade. Temos que ter programas para desnutrição e seus efeitos e de controle da obesidade", diz Lígia Bahia, professora de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFRJ.

A desnutrição entre os adultos caiu desde a última pesquisa, realizada em 1989. No caso dos homens, passou de 3,8% para 2,8%, e, no das mulheres, de 5,8% para 5,4%. Já a obesidade vem aumentando desde a década de 70: em 1975, o excesso de peso atingia a 18,6% dos homens e 2,8% eram obesos. Na última POF, realizada entre 2002 e 2003, os percentuais subiram, respectivamente, para 41% e 8,8%. Entre as mulheres, o índice ficou em 39,2% de excesso de peso e 12,7% de obesidade, contra 18,6% e 2,8%:

"O Brasil convive com uma epidemia entre aspas, pois a obesidade vem crescendo muito rapidamente. Isso significa morrer mais cedo, do coração, de câncer", afirmou o professor Carlos Alberto Monteiro, da USP, consultor da pesquisa.

O promotor de eventos Cláudio Barreto convive as doenças provocadas pela obesidade. Com 20 quilos acima do peso, Barreto quase morreu há seis anos, devido a uma hemorragia digestiva aguda, que o deixou nove dias numa unidade de tratamento intensivo (UTI):

"Uma seqüência explosiva de cachorro-quente, hambúrguer e feijoada provocou a doença. Tento controlar a alimentação. Já perdi uns 15 quilos", conta Barreto, com um salgado na mão, antes de tomar o trem para Paracambi, onde mora com a mulher, também acima do peso.

Ele diz que a necessidade de comer fora de casa e mais barato dificulta a adoção de uma alimentação mais saudável:

"Compramos gordura pura".

O agrônomo Fernando Gaiger, técnico do Ipea e estudioso da POF, não se surpreendeu com a elevada incidência de obesidade, mesmo entre os mais pobres. Ele lembra que a caloria vazia, ou seja, pão, farinha e até mesmo cachaça, é barata e tem alto valor energético.

"O sinal mais claro da má alimentação dos pobres é a obesidade, e não o déficit de peso. O padrão atual é ver uma família que mora mal, cujo chefe da casa tem um emprego precário, a educação dos filhos é comprometida e sua mulher é obesa".

LUCIANA RODRIGUES
CÁSSIA ALMEIDA

do jornal O Globo

   

NOTÍCIAS ANteriores
16/12/2004
Cegueira poderia ser evitada
15/12/2004
Aborto não é mais caso de polícia, mas de saúde pública
14/12/2004
Médicos farão prova de habilitação
13/12/2004
Terceiro setor emprega 1,5 milhão de pessoas
08/12/2004 Empresas nordestinas estão se preocupando mais com seu entorno
07/12/2004
Brasil é o último em ranking de matemática
06/12/2004
Tela de celular revela localização de outras pessoas no mapa da cidade
03/12/2004
Moradores do Butantã pretendem expulsar travestis de ruas do bairro
02/12/2004
Campanha mostra o peso dos impostos nos produtos