Faço parte de uma geração
cuja vida adulta confunde-se com a história do PT,
com seus 25 anos de vida. Era parte de minha paisagem.
Incomodavam-me as suas baboseiras econômicas, sua defesa
das corporações (especialmente do funcionalismo
público), sua postura terceiro-mundista em política
internacional que incluía agrados a Gaddafi, Fidel
e Hugo Chávez. Incomodava-me a desproporção
entre a pretensão de Lula e seu despreparo administrativo.
Apesar disso, gostava como eles empunhavam a bandeira do
social; algumas das grandes conquistas sociais se devem a
eles, como a bolsa-escola, orçamento participativo
e, em parte, o programa de médicos de família.
Do que eu gostava mais era a barulheira que faziam por causa
da ética. Tinha lá seu exagero, jogo de cena,
mas, no final, o país saía ganhando. Em resumo,
mantinham a busca da utopia dentro da esfera institucional.
Esse PT já não existe e nem sei se continuará
a existir. Acabou a ingenuidade, substituída pela perversa
lógica do que existe de pior na política. Não
sei se conseguirão se recuperar. Mas, para o fortalecimento
da democracia, alguém terá de ter esse papel.
Já estou com saudades do PT.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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