Severino Cavalcanti está
virando uma espécie de unanimidade nacional: passou
a ser símbolo do que existe de pior da política
brasileira. Emprega parentes (e não vê nada demais
nisso), faz lobby para obtenção de cargos públicos
no Executivo para serem usado eleitoralmente (isso na melhor
das hipóteses), estimula a aprovação
de medidas sociais demagógicas, distribui dinheiro
a seus colegas.
Pode-se dizer (e com razão) que tudo isso não
é privilégio do presidente da Câmara,
que, em maior ou menor grau, políticos atuam do mesmo
jeito. O fato é que, em sua rudeza e vulgaridade, Severino
virou o símbolo do poder irresponsável com dinheiro
público.
Faltava alguém que fizesse essa síntese para
despertar como está despertando ainda mais a indignação
dos brasileiros. Por isso, o dia de hoje, graças a
uma corrente na internet, virou um dia de luto contra a indignidade.
Se não tomar cuidado, uma eventual falta de decoro
vai fazer com ele ajude ainda mais na pedagogia do brasileiro:
há um movimento de parlamentares dispostos a pensar
se não vale a pena tentar o impeachment de Severino.
Se há base legal, não sei; e se não houver,
paciência. Mas seria uma bela lição de
civilidade.
Coluna originalmente publicada na
Folha de Online, na editoria Pensata.
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