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ação educativa
23/07/2004
Educadores contam como é o trabalho de alfabetização em sala de aula

O VII Seminário de Educação de Jovens e Adultos realizado pela Ação Educativa em São Paulo, entre os dias 14 e 16 de julho, reuniu dezenas de educadores que tiveram a oportunidade de debater e conhecer as Múltiplas Linguagens e a Comunicação.

Dentre os participantes, estavam representantes do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) de São Paulo. Resgatado na atual gestão municipal, o Movimento é mantido em coordenação compartilhada entre a prefeitura de São Paulo e as organizações sociais. Desta forma, o governo entra com a formação pedagógica e com o financiamento das salas e dos profissionais, enquanto a comunidade entra com o espaço, com os educadores e com sua proximidade com grupo, fundamental para o funcionamento do programa.

Milena Mateusi Carmo, presidente e coordenadora do Centro de Educação e Organização Popular (CEOP), que mantém salas do Mova na região do Butantã, zona norte da cidade, explica que a diferença deste trabalho é justamente o fato dele ter suas origens em movimentos populares. "Todas as atividades que acontecem com as entidades tentam incluir os alunos nas decisões", explica.

Ela conta que as salas de aula são "espaços de uma educação crítica, onde a alfabetização é um instrumento para uma leitura de mundo, para discutir e formar opiniões. Para reivindicar e ser cidadão". Milena afirma que quem participa do Mova o faz de maneira política.

Em relação ao conteúdo do seminário, ela avalia que as questões apresentadas são debatidas já há muito tempo nas salas. "O Mova é movimento e reivindica uma autonomia por ser uma educação contra o ensino tradicional, e também porque a gente traz os problemas do cotidiano para serem discutidos em sala de aula", explica.

Para ela, ao fazer isso, os educadores estão trazendo para as salas de aula questões que são relevantes para a vida social dos alunos e para sua construção coletiva. Ela acredita que, de certa forma, essa proposta de trabalho pode "transformar a sociedade, porque é um espaço que você tem para você criticar e pensar sobre a sua vida".

Milena, que dá aula há dois anos, diz que o público atendido pelo CEOP tem entre 14 e 70 anos e que essa relação entre gerações é "extremamente valiosa". "Já tivemos situações de ter a família inteira em sala. A mulher, o marido estudando e os filhos lá, ajudando", lembra.

Sua colega, Vandreá Garcia Rodrigues, há seis meses no Mova, diz estar engatinhando ainda. Ela conta que essa é a primeira vez que trabalha com Educação. Vandréa ainda não tem uma sala só dela. Por enquanto, dá apoio a outros educadores. Emocionada, ela afirma ter aprendido muito com os alunos. "Eu mudei até de carreira. Antes, ia prestar Medicina. Mas as aulas mudaram a minha vida. Eu tinha todo um projeto de vida e eu mudei, mas foi por paixão mesmo. Eu finalmente achei o que eu queria fazer".

Unidocência na Alfabetização
Sérgio Luiz Keller é professor de História e participa de um projeto de Educação de Jovens e Adultos na cidade de Gaspar (interior de Santa Catarina). Ele afirma que no projeto mantido pela Prefeitura os educadores trabalham muito com a "unidocência", ou seja, um único educador dá aulas de todas as matérias. Dessa forma, é mais simples a integração entre as disciplinas.

Sérgio diz que no pequeno município de 42 mil habitantes há cerca de 3 mil analfabetos, mas que aproximadamente 1.300 já passaram pelas salas de aula do programa.

Quanto ao seminário, o professor disse ter ficado satisfeito em saber que as questões debatidas no evento já estavam sendo aplicadas nas salas de aula do município catarinense. "A gente vê que está no caminho".

O educador de arte, música e expressão, Bruno Fauth, também de Gaspar, disse que o que mais diferencia a educação tradicional e o letramento é a questão social. Segundo ele, antes era tudo muito "normativo". "Hoje a norma vem junto da questão social. O educador busca o aproveitamento do conhecimento e não só o tê-lo", afirma.


DANIELA MARQUES
do site setor 3

 
 
 

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