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A
ponte de invenções de Paulo Blikstein
Paulo
Blikstein, 30, começou a estudar engenharia na USP
decidido a fazer invenções. Essa vontade de
inventar fez com que, em pouco tempo, também experimentasse
um curso de cinema, uma área aparentemente distante
da engenharia -graças a essa combinação
de interesses, condenada por muitos colegas que o criticavam
por estar "sem foco", ele conseguiu ser aceito no
Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT),
nos EUA, um dos pólos de vanguarda mundial de pesquisa
em novas tecnologias.
"Fui
aceito porque eles valorizam pessoas com diferentes formações",
conta. Estimulado, no Media Lab, a pesquisar sobre educação
e novas tecnologias de comunicação, interessou-se
em fazer do cotidiano do estudante a matéria-prima
para o ensino de ciências, habitualmente ministradas
nas escolas como a sequência aborrecida de fórmulas
desconectadas da realidade. Seus inventos o fizeram montar
uma ponte entre a periferia de São Paulo e a cidade
de Cambridge (EUA), ilha de excelência planetária
em que, além do MIT, está a Universidade Harvard.
Blikstein
participa de uma parceria entre o Media Lab e a Prefeitura
de São Paulo em que ele desenvolve experimentos científicos
com alunos de escolas públicas. Buscam inspiração
para os inventos na própria comunidade. Exemplo: há
um emaranhado de fios nos postes que muitas vezes provoca
incêndios. Juntos, imaginam equipamentos, sempre que
possível com materiais reciclados, para evitar os curtos-circuitos.
"É fundamental que a informação
tenha significado para o aluno. É incrível como,
num ambiente estimulante, você descobre o talento criativo,
igual ou até maior do que numa escola privada, de elite."
Ele percebeu
que o ensino é, de fato, eficaz quando o estudante
participa do processo de conhecimento, sentindo-se autor,
e não apenas depositário de fórmulas.
"É o que já tinha aprendido em gestão
empresarial", conta. A motivação, segundo
ele, está na sensação autoral dos empregados.
"Assim como numa escola na periferia, obtém-se
mais produtividade nas empresas quando os funcionários
se sentem estimulados a dar o melhor deles."
A ponte
de Paulo Blikstein vai mais longe -as experiências na
periferia de São Paulo estão sendo sistematizadas,
visando sua replicação, não apenas no
Brasil, mas mundialmente, em especial no chamado Terceiro
Mundo, carente de boas soluções educativas de
baixo custo.
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