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A
harmonia de Rappin' Hood
Quando
pensava em seguir carreira musical, Antônio Luiz Júnior
foi aconselhado pela família a fazer faculdade para
ter a esperança de um bom emprego. Seguiu o conselho,
mas só conseguiu estudar por dois anos numa faculdade
de educação física. O que lhe dava mesmo
prazer era a batida no hip hop durante os encontros no largo
São Bento, no centro de São Paulo. Para não
desagradar aos pais, matriculou-se na Universidade Livre de
Música (atual Centro de Estudos Musicais Tom Jobim),
onde aprendeu a tocar trombone. "O coração
falou mais alto", conta.
Por causa
da temática social, ele ganhou o nome de batismo de
"Rappin' Hood"-numa alusão a Robin Hood.
Mas o que lhe deu destaque foi fazer do rap, até então
marginalizado, expressão cultural da periferia, no
geral, e da cultura negra, em particular, um laboratório
de experimentação musical. "Para mim, o
rap e o repente nordestino são primos." Por causa
dessas misturas, uma ousadia para os rappers mais tradicionais,
ele é considerado um reinventor do rap no Brasil.
Trouxe
para sua música elementos, além do repente,
do jazz, do reggae, do samba e até da bossa nova. Deu
certo: tanto assim que já conseguiu, num esquema alternativo,
vender 45 mil cópias de seus CDs, além de comandar
o mais popular programa exclusivamente de rap do rádio.
A primeira
experiência radiofônica ocorreu na favela de Heliópolis,
na periferia de São Paulo, tomada pela violência
e pelo tráfico de drogas; o programa se chamava "A
Voz do Rap".
Nas suas
andanças pela periferia, notou como a arte servia para
evitar que jovens entrassem no crime, fazendo da música
um meio de melhorar a auto-estima. "Vi o que faz a falta
de perspectiva, que, na verdade, é a falta de identificação
com qualquer coisa." Essa visão agregou mais um
elemento a sua experimentação musical, ao se
tornar também um educador -pelo menos um dia por semana,
ele orienta oficinas de rap, em busca de novos talentos.
Gilberto
Dimenstein, 45, é jornalista, autor de livros educacionais
e promove experiências educacionais em escolas de ensino
médio. Está coordenando projeto pedagógico
para facilitar o estudo sobre a cidade de São Paulo
nas escolas, utilizando-o como inter e multidisciplinar.
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