Se
ACM fosse mulher
Transformada
em escândalo por causa da descoberta dos grampos telefônicos,
a relação extraconjugal do senador Antônio
Carlos Magalhães com sua ex-estagiária Adriana
Barreto serve como um notável exemplo de desmandos
na política - mas também como a sociedade brasileira
trata diferentemente homens de mulheres.
O que
sobressai no caso ACM é a questão legal, ou
seja, os grampos e o uso do poder político como arma
de pressão e de chantagem. Pergunta: se o senador fosse
mulher?
Se ele
fosse mulher certamente iriam lembrar que ele é um
homem casado, portanto cometeu adultério, apontado
como prova de indignidade. Lembrariam que a mulher dele tem
câncer. Nas reportagens, quase não aparece que
o senador é casado e é tratado como normal o
fato de ele viver quase como um bígamo; a relação
era aceita sem problemas pelos amigos e até pelos familiares
de Adriana.
Os pais
chegaram a brigar com ela depois do rompimento da filha com
ACM.
Imagine,
então, a polêmica em torno do quesito idade.
ACM tem idade, sem qualquer exagero, para ser avô de
Adriana. Pouco se fala da diferença da idade nas reportagens,
o crime mesmo é o grampo. Por muito menos, a prefeita
Marta Suplicy, que se separou do marido para assumir publicamente
( note-se, publicamente) apanhou muito mais.
Aliás,
acho que ninguém tem nada a ver com a vida íntima
dos políticos, não é isso que mede sua
eficiência. O problema é quando o que ocorre
na esfera privada tem implicações públicas.
Se ACM é casado e tem relações fora do
casamento é problema dele, mas se usa o dinheiro do
contribuinte para manter sua namorada empregada e depois utiliza
o aparato policial para persegui-la, aí nos tornamos
sócios involuntários (porque a conta sai do
nosso bolso) da vida conjugal.
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