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Dia 04.04.01

 

 

Entidades procuram otimizar ação social

A ação social desordenada no Brasil gera desperdício de um terço dos recursos arrecadados, segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis). Para tornar a arrecadação e o aproveitamento de doações mais eficiente, a organização não-governamental lançou o Programa Doar.

Nove cidades do Estado de São Paulo participam, outros dez municípios deverão ser atendidos ainda este ano e planeja-se a expansão do projeto para outros Estados em 2002.

A proposta é centralizar informações sobre todos os projetos sociais em andamento na cidade, os fundos e parceiros possíveis, mapear prioridades para o investimento e coordenar as partes para que trabalhem juntas, envolvendo toda a comunidade.

A Ação Comunitária do Espírito Santo (Aces) desenvolve trabalho semelhante, intermediando relação entre doadores e entidades sociais da Grande Vitória.

(Gazeta Mercantil)

Leia também:

A ética no investimento compensa (Valor)

 

 

 

 

Ação social ainda está pouco organizada

Os 50 mil cidadãos de Penápolis, cidade do interior paulista, doam, juntos, sete vezes mais que o orçamento da Secretaria Municipal de Ação Social. Por ano, eles distribuem pelo menos R$ 2,25 milhões - valor semelhante ao faturamento da maior empresa da cidade, uma indústria de máquinas agrícolas.

Entretanto, como todo investimento social comunitário, é disperso e pouco eficiente. 'A maioria das cidades do interior do Brasil faz três quermesses no dia do seu santo - e nenhuma no resto do ano', diz Marcos Kisil, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis). Depois de identificar a falta de entrosamento entre doadores que, muitas vezes, atuam na mesma área temática e geográfica, a não-governamental lançou o Programa Doar. Ele já trabalha com nove cidades de São Paulo, como a própria Penápolis, Guarulhos, Diadema e São José dos Campos. Outros dez municípios paulistas deverão ser atendidos ainda este ano. Em 2002, o programa deve chegar a outros estados.

O Idis percebeu que a desordem no planejamento continua na hora de distribuir o dinheiro. 'Quem chega primeiro, leva', diz Kisil. Pelos seus cálculos, essa ação descoordenada produz um desperdício de um terço do dinheiro arrecadado. E não se trata de má fé. 'São computadores usados apenas uma hora por dia e auditórios que poderiam ser compartilhados', exemplifica.

Uma conta simples mostra que as perdas não podem ser ignoradas. Juntas, as nove cidades apoiadas pelo Idis distribuem algo em torno de R$ 500 milhões anuais. Segundo Kisil, o valor que teria sido desperdiçado, cerca de R$ 150 milhões, é superior ao orçamento da Fundação Bradesco no ano passado.

Na segunda-feira, o Idis promoveu em São Paulo o primeiro congresso internacional sobre o investimento social comunitário já realizado no País. Durante o evento, a entidade divulgou pesquisa inédita com 2 mil varejistas de 100 cidades do interior de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, além de Belo Horizonte. Do estudo emerge a imagem de um empresário que prefere doar em espécie e que muitas vezes, ajuda indivíduos, não instituições.

Para que as doações de cidadãos e do pequeno comércio ganhem foco e eficiência, o Idis adota uma receita já consagrada no exterior. Ele propõe a criação de uma organização central que canalize energias filantrópicas. Para alcançar este objetivo, ela tem que reunir informações sobre todos os projetos sociais em andamento na cidade, bem como os fundos e os parceiros possíveis. Também deve mapear prioridades para o investimento social. E, principalmente, deve colocar todas as partes para trabalhar juntas. As partes, como se viu durante o seminário, incluem desde a igreja e a prefeitura até o corpo de bombeiros e a universidade local.

O Idis não é a única entidade brasileira a fomentar esse modelo. A Ação Comunitária do Espírito Santo (Aces), fundada em meados da década passada por um pool de empresas que inclui a Chocolates Garoto e a Viação Itapemirim, desenvolve trabalho aparentado. A não-governamental é intermediária das relação entre doadores e entidades sociais da Grande Vitória. Ela também ajuda no desevolvimento de projetos e na captação, administração e repasse de recursos. E mais: apóia a ONG que deseja obter o título de entidade de interesse público federal junto ao Ministério da Justiça - o que garante a isenção tributária das doações.

'A gestão social tem que ter um desempenho operacional mais eficaz', disse, durante o evento, o superintendente executivo da entidade, Domingos Gomes de Azevedo. Por isso, a Aces também tem investido em cursos de capacitação de gestores e voluntários de projetos sociais.

No exterior esse conceito de agência fomentadora de projetos sociais locais é bem mais difundido. Na maioria dos casos, recebe o nome de fundação comunitária. Nos Estados Unidos, elas são mais de 600 e administram um patrimônio que supera US$ 25 bilhões. No Canadá, 110 fundações comunitárias gerem o equivalente a US$ 905 milhões. Entidades semelhantes já foram criadas em Israel, no Quênia, na Índia ou na Nova Zelândia.

Para Monica Patten, presidente da Community Foundations of Canada, a força dessas fundações está, justamente, no seu vínculo direto com a comunidade, que cria identificação entre o doador e o beneficiário. Em muitos casos, ambos se confundem.

A história da Western Region Foundation, que cobre três localidades extremamente pobres do Zimbábue, ilustra bem isso. Ela nasceu em 1998, quando 7.000 pessoas das próprias comunidades doaram US$ 1 cada para a criação de um fundo que alimenta vários projetos locais. O depósito inicial permitiu alavancar recursos externos que não seriam possíveis de outra forma. No ano passado, diante dos resultados conseguidos, cada indivíduo renovou sua doação, agora na casa dos US$ 5 per capita.

(Gazeta Mercantil)

 

 
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