Brasil
não investe em seu "ouro verde"
Ninguém
sabe exatamente quanto vale a biodiversidade brasileira, mas todos
sabem que é muito. Inclusive os estrangeiros. Dono da maior
variedade de espécies do planeta, o Brasil desfruta de posição
privilegiada para explorar os recursos naturais na busca por novas
tecnologias, seja na forma de uma droga contra o câncer ou
um novo creme de barbear.
Uma estimativa
- em princípio a única disponível - coloca
na biodiversidade verde e amarela uma etiqueta de R$ 4 trilhões.
O cálculo é baseado em um estudo do pesquisador Robert
Costanza, da Universidade de Maryland (EUA), publicado na revista
Nature.
No entanto,
ninguém sabe e nem vai saber por um bom tempo o quanto esse
cálculo pode subestimar a capacidade dos recursos brasileiros.
Pois se a biodiversidade do Brasil é a maior do mundo, também
deve ser a mais desconhecida. Para se ter uma idéia das incertezas,
a estimativa do total de espécies existentes no mundo varia
entre 3 milhões e 100 milhões. Catalogadas até
hoje, são 1,5 milhão, entre 10% e 20% das quais são
encontradas no Brasil. No fim das contas deve haver mais de 3 milhões
de espécies desconhecidas no País. E entre as espécies
nativas já documentadas, menos de 1% foram pesquisadas geneticamente.
Esse "ouro
verde" rende milhões para empresas estrangeiras, mas
o país não costuma receber um centavo por ele, mesmo
que as espécies nasçam e cresçam somente aqui.
Notório - e milionário - é o caso do Capoten,
o medicamento para regular a pressão arterial comercializado
pela Bristol-Myers Squibb. Com faturamento anual estimado em US$
5 bilhões, o Capoten é feito à base de captopril,
substância encontrada no veneno da jararaca. A jararaca é
um produto puramente brasileiro. Mas todo o lucro com a venda do
medicamento fica com a empresa, americana, que detém a patente
sobre ele. Um negócio tipicamente brasileiro.
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Renda limita crescimento
econômico
O encolhimento da renda dos brasileiros é o principal entrave
para um crescimento econômico significativo na avaliação
da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No Informe Conjuntural referente ao primeiro trimestre do ano, a
entidade lembra que os gastos das famílias respondem por
60% do consumo total do País e que, portanto, a estagnação
dos rendimentos poderá limitar um "retorno mais expressivo
da atividade econômica".
A CNI recorda
que os trabalhadores da indústria ganharam cerca de 0,3%
menos em janeiro deste ano em relação ao salário
obtido em igual mês do ano passado. A queda do rendimento
mensal foi a segunda consecutiva, segundo o último dado da
entidade.
A solução
para o País crescer sem restrições, seria,
como destaca a análise, a injeção de investimentos
privados. "A superação gradual dessas adversidades
e a consolidação de expectativas positivas, com a
efetiva recuperação da atividade produtiva no primeiro
trimestre, deve ensejar as empresas a retomarem seus projetos de
investimentos, em especial os de ampliação de capacidade
e instalação de novas plantas", aposta o informe
da CNI.
Além
da corrosão da renda individual, o consumo do País
é afetado pela tímida reação do mercado
de trabalho. O emprego industrial não tem acompanhado, até
onde os dados podem informar, a trajetória de retomada de
crescimento do setor. A CNI conclui que, nos primeiros momentos
de recuperação, a necessidade de conseguir mão-de-obra
para atender ao crescimento da produção é suprida,
principalmente, com o aumento das horas trabalhadas.
Com base em
números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o estudo mostra que, em janeiro (dado mais recente), o emprego
na indústria recuou 0,9% em relação ao mesmo
período do ano passado. Nos outros setores, entretanto, o
mercado de trabalho dá sinais de melhora. No comércio,
o crescimento da população ocupada alcançou
4,4% em fevereiro na mesma base de comparação. Nos
serviços, a taxa foi de 3,1%. Mas a fraca absorção
de trabalhadores pela indústria fez a média da taxa
de ocupação crescer 1,4%.
Apesar do emprego
e renda estarem em baixa, a economia, para a CNI, está em
rota de retomada de crescimento. Tanto que o fluxo de investimentos
foi mantido, mesmo diante da crise Argentina. O risco do País
diminuiu, assim como a pressão sobre câmbio.
A expansão
trará inconveniências para a balança comercial,
segundo o informativo da CNI. Haverá déficit a partir
do segundo semestre em decorrência do aumento das importações
brasileiras.
Apesar dessa
estimativa, a CNI manteve previsão de superávit em
torno de US$ 4,3 bilhões na balança comercial, em
2002. Os dados da entidade apontam que os próximos meses
do primeiro semestre apresentarão superávits comerciais
ainda maiores do que os verificados nos primeiros três meses
do ano. A razão dessa estimativa decorre do início
dos embarques da soja. Além disso, a recuperação
gradual registrada na economia, durante o primeiro trimestre, poderá
alavancar um pouco o volume de importações no segundo
trimestre deste ano.
O Informe da
CNI apontou, ainda, que nos primeiros meses deste ano foram registradas
quedas nas importações em todas as classes de produtos.
Os combustíveis, os lubrificantes e os bens de consumo duráveis
foram os que mais apresentaram redução nas compras
externas. Alguns fatores apontados pelo estudo foram o desaquecimento
da economia doméstica e o encarecimento dos preços
em reais devido à elevação de taxa de câmbio.
(Gazeta Mercantil)
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