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Dia 08.08.01

 

 

Cresce um novo tipo de sistema produtivo no Brasil

Os chamados sistemas produtivos locais desenvolvem-se fortemente no Brasil. Cada vez aumenta mais a integração entre empresas, muitas vezes concorrentes, com casos de participação também do poder público. Este envolvimento de concorrentes ou complementares é uma das características desses novos sistemas produtivos locais, também conhecidos como clusters. O Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) até elaborou uma nomenclatura específica para definir o grau de evolução e integração produtiva dos casos pesquisados.

Bonito, no Mato Grosso do Sul, é um exemplo típico. Junto com os municípios de Bodoquena e Jardim, Bonito forma o Parque Ecológico da Bodoquena. As 30 fazendas locais, que antes viviam somente da agropecuária, agora, exploram também suas riquezas naturais. "O turista rende em duas horas o que o boi rende em um mês". Atualmente, 1,5 mil pessoas trabalham em atividades ligadas ao turismo. São mais de três dezenas as agências de turismo que oferecem passeios espalhados por um raio de até cem quilômetros da cidade.

A grande diferença de Bonito para os outros pólos de ecoturismo é o esforço para consolidar uma cadeia produtiva formal, que gera arrecadação para o município, renda para os proprietários, empregos. O mercado mundial de ecoturismo é de aproximadamente 30 milhões de turistas por ano. Deles, apenas 300 mil vêm ao Brasil anualmente. O que demonstra, segundo os especialistas, o quanto se pode crescer nessa área no país.

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Produção local se organiza e amadurece no Brasil

Aventurar-se em Bonito, município localizado no sul do Mato Grosso do Sul, custa aos ecoturistas aproximadamente 20 horas viagem de carro ou ônibus, de São Paulo ou Rio de Janeiro. Vôos diretos, só de Campo Grande. Além de hospedagem simples e comida honesta, há, no município, cachoeiras, grutas e rios para passeios e mergulhos.

As atrações levaram, em 2000, mais de 30 mil turistas à região. Cinco anos atrás, menos de 500 pessoas iam até lá. 'O turismo já é a principal fonte de receita do município', diz João Meirelles Filho, presidente do Instituto de Ecoturismo do Brasil e proprietário de uma das fazendas locais dedicadas a atividades agropecuárias e também abertas a visitas. 'O turista rende em duas horas o que o boi rende em um mês'.

O Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) dedica a casos como o de Bonito atenção especial. Os chamados sistemas produtivos locais, também conhecidos como clusters, segundo Luís Fernando Tironi, diretor da área de Estudos Setoriais do instituto, desenvolvem-se fortemente no Brasil. A diferença do que ocorria nos antigos agrupamentos de empresas, os distritos industriais - em condomínios ou regiões abundantes em matérias-primas -, e o que acontece hoje é o evidente aumento da sinergia existente entre empresas, muitas vezes concorrentes, com casos de participação também do poder público. Este envolvimento de concorrentes ou complementares, para Tironi, é uma das características dos clusters.

Por isso, o Ipea elaborou uma nomenclatura específica para definir o grau de evolução e integração produtiva dos casos pesquisados. Os menos desenvolvidos foram classificados como agrupamentos potenciais. Na ordem, a seguir, vêm os emergentes, os maduros, os avançados e as aglomerações ou clusters. Foram definidos também pólos tecnológicos e redes de subcontratação. 'Alguns nascem sem planejamento, apenas por vocação local e mostram-se, com o tempo, soluções para competitividade e desenvolvimento locais', diz o pesquisador do instituto.

É o exemplo de Bonito, que com os municípios de Bodoquena e Jardim, forma o Parque Ecológico da Bodoquena. As 30 fazendas locais, que antes viviam somente da agropecuária, agora, exploram também suas riquezas naturais. Atualmente, 1,5 mil pessoas trabalham em atividades ligadas ao turismo. São mais de três dezenas as agências de turismo que oferecem passeios espalhados por um raio de até cem quilômetros da cidade.

Segundo Meirelles, ir direto às fazendas, onde está localizada a maioria das atrações, é viagem perdida. 'A passagem por uma das agências é obrigatória', afirma. 'Lá o viajante recebe um vaucher e vai aos passeios com guia credenciado pela Embratur. Temos de preservar a nossa galinha dos ovos de ouro'.

Os outros proprietários concordam e, por isso, fixaram cargas máximas de visitação para cada uma dos pontos turísticos. Foi criado um conselho municipal para cuidar do assunto. 'A grande diferença de Bonito para os outros pólos de ecoturismo é o esforço para consolidar uma cadeia produtiva formal, que gera arrecadação para o município, renda para os proprietários, empregos', diz João Meirelles Filho. Segundo ele, o mercado mundial de ecoturismo é de aproximadamente 30 milhões de turistas por ano. Deles, apenas 300 mil vêm ao Brasil anualmente. 'Isso dá uma idéia do quanto se pode crescer', afirma.

O professor do Departamento de Ciência Econômica da Universidade de Udine, na Itália, Sergio Albertini estuda os sistemas produtivos locais italianos. Os especialistas atribuem justamente a esse país a criação deste tipo de aglomeração produtiva. 'Os distritos industriais italianos nascem nos lugares onde há uma vocação histórica', afirma Albertini. Em Brescia, exemplifica o professor, região em que eram forjadas armas para os exércitos de Veneza, há 400 anos, surgiu uma aglomeração industrial voltada para a siderurgia. Lá, hoje, funciona a Beretta, maior fabricante italiana de armas.

No caso brasileiro, Albertini salienta que, por se tratar de um país novo, a vocação é, em grande parte condicionada à existência de recursos naturais específicos. 'Um pólo ceramista só se instalará em local onde há abundância de matérias-primas', afirma. Como na Itália, segundo ele, os fatores que determinam o sucesso ou não de um cluster são a presença de infra-estrutura, a proximidade de mercados consumidores potenciais e, principalmente, a formação de mão-de-obra especializada em quantidade suficiente.

Um sistema produtivo local brasileiro que, segundo Tironi, do Ipea, alcançou um bom grau de colaboração e complementaridade é o da região de Goiânia-Anápolis (GO). Lá, instalaram-se, nos últimos oito anos, 13 indústrias do setor químico-farmacêutico. Outras cinco estão em fase de implantação. Segundo Jailton Batista, diretor executivo do Laboratório Teuto, o maior do pólo goiano, todas as que já operam no local, sem exceções, estão em expansão. 'A agressividade da indústria farmacêutica nacional para combater a hegemonia quase absoluta das multinacionais, depois da aprovação dos genéricos, ajudou na formação do pólo', afirma Batista.

No local, as indústrias concorrentes uniram-se para construir um laboratório de bioequivalência. A empresa realiza os testes que comprovam que os medicamentos fabricados na região têm os mesmos princípios ativos dos similares de marca o que permite a classificação como genéricos.

O governo do estado de Goiás não poupou esforços para atrair as indústrias. Ofereceu aos que se instalassem em seu território o financiamento de 70% do ICMS com juros de aproximadamente 3% ao ano e prazos que variam de 10 a 20 anos para o pagamento. 'Estamos a uma hora de São Paulo, Belo Horizonte e Rio. A malha viária do estado é excelente e foi aberto um porto seco, dentro do distrito industrial, para facilitar as nossas vidas', diz Batista. A desvantagem é, segundo ele, a escassez de mão-de-obra, por se tratar de indústria muito especializada.

Para atenuar o problema, Albertini, da Universidade de Udine, receita a política aplicada na Alemanha e Itália. Dividir os custos da educação profissional entre todas as partes interessadas, por meio de um contrato chamado de formação-trabalho.

'As empresas assumem um terço dos custos de formação, os municípios, outro terço e o próprio beneficiado aceita um salário mais baixo, pois precisa aprender', diz.

A questão da mão-de-obra afeta fortemente a região Nordeste da Itália e, por isso, soluções mais radicais foram implantadas. Segundo Albertini, foram criadas agências de trabalho temporário, de caráter privado, que captam trabalhadores no Sul do país, onde os índices de desemprego são altos, e levam-nos aos locais em que faltam operários.

Por se tratar de países ricos, no processo são garantidos casa, educação para os filhos dos imigrados e um seguro pessoal, se houver necessidade de retorno do operário ao seu local de origem.

(Gazeta Mercantil)

 

 
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